Representantes dos pequenos Estados insulares e dos países menos desenvolvidos abandonaram hoje uma reunião de consulta com a presidência azeri da cimeira da ONU sobre o clima, em Baku.

A iniciativa visa protestar contra o projeto de acordo financeiro em preparação na 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29).

"Abandonámos a reunião (...). Sentimos que não fomos ouvidos", declarou o representante de Samoa, Cedric Schuster, em nome do grupo de Estados insulares (Aosis), citado pela agência francesa AFP.

O protesto ocorre numa altura em que a COP29, que deveria ter terminado na sexta-feira, está a ser prolongada sem que se vislumbre qualquer compromisso.

UE disposta a aumentar financiamento climático aos países mais pobres

O texto divulgado pela presidência azeri da COP29, na sexta-feira, propunha que o montante a mobilizar do Norte para o Sul Global fosse de 250 mil milhões de dólares (238 mil milhões de euros, ao câmbio atual).

Este valor foi saudado pelos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, a Austrália e o bloco europeu, mas rejeitado por muitos estados em desenvolvimento, que o consideraram inaceitável.

Os países em vias de desenvolvimento pedem entre 500 mil milhões de dólares (479 mil milhões de euros) e 1,3 biliões de dólares (1,2 biliões de euros) por ano até 2035.

A verba destina-se a ajudar os países em desenvolvimento a abandonarem os combustíveis fósseis e a adaptarem-se às alterações climáticas associadas ao aquecimento global.

Organizações ambientais e sociais presentes na cimeira na capital do Azerbaijão alertaram que a COP29 terminará com um "resultado negativo" se o acordo final não previr um financiamento "público, suficiente e previsível" para os países do Sul Global.

O atual projeto "põe em risco" o Acordo de Paris, pelo que a União Europeia (UE) "tem de agir imediata e eficazmente se o quiser salvar", afirmaram numa declaração conjunta citada pela agência espanhola EFE.

Segundo as organizações, o resultado será "inamovível nos próximos 10 anos", ou seja, até 2035, altura em que os compromissos serão revistos.

Assinam a declaração organizações como Ecodes, Ecologistas em Ação, Greenpeace, Youth for Climate ou Oxfam.

Com agências