Alguns membros do Partido Democrata estão a culpar o Presidente norte-americano, Joe Biden, por não se ter afastado mais cedo, dando mais tempo de campanha à vice-presidente.

Através das redes sociais, em declarações aos meios de comunicação social ou por fugas de informação, algumas figuras do partido criticam Biden por este ter perdido demasiado tempo a tentar manter-se na corrida a uma reeleição, antes de se afastar após um fracassado debate televisivo contra o adversário republicano.

Um dos conselheiros seniores de Harris, David Plouffe, falou da "perda devastadora" que Harris sofreu e, embora não tenha atribuído a culpa diretamente a Biden, disse que a campanha de Harris teve de procurar sair de "um poço profundo".

Jim Manley, principal conselheiro do ex-líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, afirmou que "o país está a caminhar numa direção muito perigosa" e que isso deve-se, em parte, à "arrogância do Presidente Biden".

"Ele é um bom homem, que pode orgulhar-se das suas conquistas. Mas o seu legado está em frangalhos", concluiu Manley.

De acordo com o jornal Político, muitos democratas acreditam que a idade avançada de Biden (81), as dúvidas sobre as suas capacidades mentais e a sua impopularidade colocaram os democratas em clara desvantagem, deixando-os agora furiosos por terem sido forçados a apoiar um candidato durante meses que os eleitores deixaram claro que não queriam.

Em julho passado, após a sua desastrosa prestação no debate contra Trump, Biden abandonou a corrida à presidência, alegando as vantagens dessa decisão para o seu país, e entregou o testemunho a Harris, que só pôde realizar uma campanha ao longo de 107 dias, como ela própria recordou na quarta-feira.

Na opinião de Mark Longabaugh - estratega democrata e antigo conselheiro do senador progressista Bernie Sanders - "a verdade é que Biden deveria ter-se afastado mais cedo e deixado o partido apresentar um plano de jogo mais longo".

Harris reconheceu a vitória de Trump na quarta-feira e afirmou que não deixará de lutar para devolver a luz aos Estados Unidos. Tanto a vice-presidente como Joe Biden já conversaram com Trump para o felicitar e garantir uma transição pacífica.