O Botafogo é líder do Brasileirão mas com apenas dois pontos de avanço sobre o Palmeiras, em cuja casa vai jogar no dia 26, na final da competição. Como outros fatores parecem dar vantagem teórica ao Verdão sobre o Fogão, está tudo em aberto – muito em aberto mesmo – para Abel Ferreira, conquistador insaciável de troféus, e para Artur Jorge, que chegou, viu, convenceu mas ainda não venceu.  

O próximo episódio é este sábado, às 22:30, de Lisboa: o Botafogo tem a vantagem de jogar no Nilton Santos, provavelmente apinhado, frente ao Vitória, da Bahia, que, em recuperação na tabela, saiu da zona de descida e já é 12º; o Palmeiras, entretanto, mesmo atuando fora, tem como rival o virtualmente despromovido Atlético Goianiense, último da tabela a 11 pontos da salvação e com 12 em disputa.

Estevão está de volta, depois de cumprir castigo na partida logo a seguir ao compromisso das seleções na Bahia, mas não está sozinho na tarefa de fazer a diferença. O inspirado Raphael Veiga, que marcou num belo livre em Salvador, já vai em oito golos nos últimos 10 jogos. Ríos também está recuperado e o incansável Gómez, que atuou pela seleção paraguaia num dia e pelo Verdão horas depois, deve substituir Murilo, lesionado.

No Botafogo, há falta de golos: depois de uma volta a marcar em cada jogo – feito inédito –, na segunda, o líder ficou em branco em cinco dos 15 desafios, incluindo os dois últimos, com Cuiabá e Atlético Mineiro. Artur Jorge, por isso, tem de usar todas as armas – Luiz Henrique, como Gómez, também atuou pelo Brasil e pelo clube em 24 horas – mesmo com a Libertadores, talvez o jogo mais importante da história do clube, dia 30, em Buenos Aires, frente ao Galo.

A Libertadores é só um fator externo a atrapalhar a corrida ao Brasileirão do Botafogo. O outro é invisível, intangível: é o trauma de 2023 quando os alvinegros chegaram a liderar com 14 pontos de vantagem, a dada altura, sobre os alviverdes mas acabariam por perder o título para o rival, adensando o mito do futebol brasileiro de que «há coisas que só acontecem com o Botafogo». Será que 2024 vai confirmar ou desmentir esse mito?