Os dois clubes pior classificados dos big six enfrentaram-se este domingo em Old Trafford. Sem se sagrar campeão da Premier League desde 2013, ainda sob a orientação de Sir Alex Ferguson, o Manchester United tem tentado reencontrar-se com a glória.

Erik ten Hag continua a ser uma aposta bastante discutida/criticada e há mesmo quem diga que só a conquista da FA Cup na última temporada o manteve ao leme dos red devils.

No lado norte da capital britânica, a seca de títulos é ainda mais gritante: a Taça da Liga de 2008 é o único troféu do presente século que os Spurs têm para exibir nas suas vitrines.

Na primeira época de Ange Postecoglou, o Tottenham ficou-se pelo quinto lugar e fez percursos muito modestos nas taças domésticas, não aproveitando o calendário mais folgado (sem futebol europeu) para causar impacto nas competições internas.

À entrada para este clássico do futebol inglês, relativo à sexta jornada da Premier League, ambas as equipas se apresentavam com sete pontos e exatamente a meio da tabela classificativa. Com mais um início de época que deixou bastante a desejar, a vitória num jogo importante poderia dar o mote para uma subida até aos lugares europeus.

O jogo começou frenético e com o Tottenham a pressionar de forma intensa. Depois de um contra-ataque falhado do United, Micky Van de Ven saiu disparado e percorreu mais de metade do terreno de jogo para assistir Brennan Johnson, que apenas teve de encostar para fazer o 0-1. O central neerlandês já demonstrou em várias ocasiões ter capacidade para se envolver no momento ofensivo da equipa londrina, com uma velocidade e condução de bola acima da média.

O Tottenham teve algumas oportunidades para dilatar a vantagem, nomeadamente um remate ao poste de Johnson e um pontapé acrobático do central argentino Cristian Romero, que parecia querer juntar-se ao colega de posição nos destaques dos Spurs. A equipa da casa estava com grandes dificuldades para conter o jogo associativo do Tottenham, com Maddison e Kulusevski a terem um papel fundamental na zona interior do terreno. Timo Werner, titular devido à ausência de Heung-min Son, fez relembrar críticas antigas à sua capacidade de finalização, ao falhar frente a Andre Onana quando seguia isolado.

Alejandro Garnacho protagonizou o lance de perigo mais flagrante do emblema de Manchester, enviando uma bola ao poste da baliza de Vicario. Já nos últimos cinco minutos da primeira parte, Chris Kavanagh mostrou o vermelho direto a Bruno Fernandes (que pareceu ter escorregado na disputa do lance com James Maddison), numa decisão discutível que não foi revertida pelo VAR. Foi a primeira expulsão do médio português ao serviço do Manchester United.

Mainoo saiu lesionado aos 45 minutos e Mason Mount foi o eleito por Erik ten Hag para o substituir. O técnico do Manchester United tinha pela frente a missão exigente de melhorar a qualidade de jogo da sua equipa, agora com menos um jogador em campo.

Bastaram dois minutos da segunda parte para a equipa de Londres chegar ao segundo golo. Brennan Johnson fez uma bela arrancada pelo corredor direito, depois de um corte falhado por Lisandro Martinez, e assistiu Kulusevski, que finalizou de forma eficaz. A velocidade dos Spurs voltou a ser letal e o público da casa via a situação tornar-se cada vez mais preocupante.

O United não baixou os braços e chegou a criar algumas situações de perigo, com Casemiro e Garnacho a serem os principais impulsionadores do ataque. Foi no melhor momento da equipa de Manchester que surgiu o 0-3, apontado por Dominic Solanke, que faturou assim pelo terceiro encontro consecutivo e fechou as contas da partida.

O guarda-redes Onana acabou por ser fundamental para impedir uma goleada ainda mais expressiva, quando alguns adeptos já tinham flashes do 1-6 de 2020/21. O peso de jogar em Old Trafford tem esmorecido nos últimos anos e as duas derrotas por 0-3 frente a Tottenham e Liverpool só vieram acentuar essa mesma ideia.

Fica a dúvida acerca do rumo que o jogo teria tomado caso a expulsão não tivesse acontecido. Ainda assim, o Tottenham tinha sido superior durante toda a primeira parte e não era de prever uma reviravolta no marcador, mesmo em situação de 11 contra 11.

A equipa de Londres segue assim com 10 pontos e uma ambição renovada para o que resta da temporada. Em Manchester, a “crise” agrava-se e seguem-se visitas ao Dragão e ao Villa Park, desafios que não são nada apetecíveis para uma equipa com níveis baixos de confiança.