Florida e verde, a imagem da cidade de Viseu seduz. Localizada no centro de Portugal, erguida num planalto rodeado por serranias e pelos rios Vouga e Dão, na cidade multiplicam-se os jardins e os parques, mas também os monumentos como a imponente Sé Catedral. Restam alguns fragmentos da cerca "afonsina" de Quatrocentos integrados na malha urbana e duas portas, a do Soar e a dos Cavaleiros. Era em Viseu que se realizava a grande feira anual de gado, Feira Franca de Viseu, datada do século XIV e que deu origem à Feira de São Mateus, hoje evento que atrai milhares, muito dinâmico e alargado às muitas vertentes da sociedade.
A partir do século XVI nasceram “outras flores”, as das artes, brotava então uma cultura artística que teve o ponto alto com a figura de Vasco Fernandes, que permanece e nos é oferecida no respetivo museu, o Museu Grão Vasco, situado junto à Sé.
Passeie pelas ruas do centro histórico da cidade, perceba as pedras que atravessaram séculos, a atmosfera medieval, faça uma paragem numa das famosas confeitarias de Viseu e brinde com um copo de vinho do Dão.
O maior portefólio de jardins do Centro de Portugal
São quase 90 anos como Cidade-Jardim sem perder o fulgor. Viseu foi assim designada em 1936 e atualmente apresenta o maior portfólio de jardins no Centro de Portugal, mais de uma dezena certamente, situados um pouco por toda a cidade e arredores. Os Jardins do Paço Episcopal do Fontelo, criação paisagística de influência italiana, nasceram no século XVI por influência de D. Miguel da Silva, Bispo de Viseu. Ficou conhecido como o exótico e exuberante “jardim de Viseu”, agora designado Parque do Fontelo, um ótimo lugar para piqueniques. Integra um parque de campismo, campos de ténis e de futebol, pavilhão gimnodesportivo e circuito de manutenção inserido numa zona verde enriquecida por muitas espécies de árvores seculares. Quanto ao Parque Aquilino Ribeiro, na Av. 25 de Abril, tem história antiga. Fazia parte da Quinta do Maçorim, onde foi construído o Convento de Santo António dos Capuchos, em 1635. De enorme interesse botânico, mantém os imponentes exemplares de carvalho-alvarinho, plantados pelos frades Capuchos de São Francisco e um romântico lago com repuxo.
O Jardim das Mães, no Largo Major Teles, muda as cores consoante a estação. É outra sugestão para levar o farnel e comer ao ar livre. O Museu de Almeida Moreira, que merece visita, é seu vizinho. Em pleno rossio, ao lado da Câmara Municipal, surge o Jardim Tomás Ribeiro que homenageia o escritor na glorieta de planta circular, construída em granito e decorada com painéis de azulejo, onde na parte central, em forma de medalhão, aparece a sua figura. O Jardim de Santa Cristina, jardim botânico que se encontra no Largo Dom António Alves Martins, ocupa o local onde existiu uma ermida medieval com o nome de Santa Cristina. Apresenta como elemento central estátua em bronze do Bispo Alves Martins e está adornado com olaias, castanheiros-da-Índia, tílias e exemplares de imponentes palmeiras.
A arte sacra, ponto de partida para conhecer o centro histórico
Visitar o Museu Nacional de Grão Vasco (Tel. 232422049), fundado no início do século XX, é conhecer um conjunto notável de pinturas de retábulo, datadas dos séculos XV/XVI, provenientes da Sé Catedral de Viseu, de igrejas da região e depósitos de outros museus, da autoria de Vasco Fernandes, o Grão Vasco, colaboradores e contemporâneos. O acervo inclui objetos e suportes figurativos originalmente destinados a práticas litúrgicas, pintura, escultura, ourivesaria e marfins, do Românico ao Barroco, a que acrescem peças de arqueologia, uma coleção importante de pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, exemplares de faiança portuguesa, ourivesaria, porcelana oriental e mobiliário. A Francisco de Almeida Moreira, fundador e diretor, deve-se a ampliação das coleções, bem como a conquista progressiva das galerias do edifício contíguo à catedral, o Paço dos Três Escalões. Aproveitando a localização, no mesmo adro precisamente, visite Sé Catedral de Viseu (Tel. 232436065), com as grandes torres, ponto de referência da cidade, mesmo quando vista à distância. É também um dos edifícios mais antigos da cidade. Começou a ganhar forma no século XII, com o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. É na arquitetura interior que se revela o maior interesse deste edifício, na abóbada com nervuras em forma de cruz esculpidas na pedra como se fossem uma grossa corda com um nó a meio e atributos náuticos muito ao estilo manuelino e fechos de abóbadas rematados por florões em pedra de Ançã, que ostentam as divisas de reis e brasões de bispos. Visite o claustro, com acesso pela igreja, que foi mandado construir pelo bispo D. Miguel da Silva, um dos introdutores do Renascimento em Portugal e protetor do pintor Grão Vasco, e o Tesouro-Museu da Catedral, que alberga dois cofres-relicários do século XIII, da Escola de Limoges, e uma custódia que pertenceu a D. Miguel da Silva.
Junto à Sé Catedral de Viseu, Museu Grão Vasco e Igreja da Misericórdia, descubra o Jardim da Casa do Miradouro, com cerca de dois mil metros quadrados, delimitado, a norte, pela muralha quatrocentista da cidade. O jardim, construído em socalcos e colorido com extensos relvados, é percorrido por escadas, ladeadas de pomares de laranjeiras e macieiras. Nos meses de Outono, os dióspiros e as romãzeiras conferem um colorido amarelo e laranja avermelhado à paisagem. Este notável espaço bucólico integra a Casa do Miradouro, casa de habitação familiar da nobreza do século XVI, sede do Polo Arqueológico de Viseu António Almeida Henriques (Tel. 232425388).
Personalize a sua rota pelo vinho do Dão
O Solar do Vinho do Dão (Tel. 232410060) é um ótimo ponto de partida para definir visitas a produtores e adegas que integram a Rota dos Vinhos do Dão. Dispõe de toda a informação de que necessita, enoteca, loja e oferece a possibilidade de fazer uma prova de diferentes vinhos. O próprio edifício, que também é sede da Comissão Vitivinícola dos Vinhos do Dão, tem interesse histórico. Na sua antiga vida foi Paço Episcopado Fontelo, com origem no século XII, residência de férias dos Bispos, e o escritor Aquilino Ribeiro chegou a estar preso neste local, conseguindo fugir e escrever sobre este episódio num dos seus livros. No Solar pode ainda ter acesso a material audiovisual como a vídeos promocionais sobre a Rota dos Vinhos do Dão e produtores aderentes. Fica uma sugestão, a cerca de 20 minutos de carro de Viseu, a Quinta de Lemos oferece vistas guiadas à adega, programas personalizados com prova de vinhos, trilhos e piqueniques (Tel. 232951748).
Viriato, guerreiro lusitano, envolto em mistérios
A Cava de Viriato, classificada como Monumento Nacional em 1910, enorme fortaleza de terra batida, construída de forma octogonal, com uma dimensão de 38 hectares no interior e 2 km de diâmetro, é tida como um dos mais emblemáticos sítios arqueológicos em Portugal. O projeto de requalificação da autoria do Arquiteto Gonçalo Byrne, em 2001, dotou a Cava com uma passadeira ao longo da estrutura, o que permitiu a fruição deste espaço verde arborizado localizado próximo do local onde se realiza a anual Feira de São Mateus. A ligação a Viriato não é certa, mas sendo um local que serviu de acampamento militar na época romana, acabou por ser associada ao chefe dos lusitanos. Terá andado por terras beirãs, com fronteiras diferentes das atuais, mas a sua lenda tornou-se portuguesa e viseense. Admire ainda a estátua realizada pelo escultor espanhol, Mariano Benlliure, em 1940, feita de bronze e granito, em que o guerreiro assume uma posição de ataque e é retratado com uma estatura atlética.
Uma das melhores homenagens para um guerreiro será porventura um doce que lhe é dedicado. O “Pastel de Viriato”, bolo de massa doce e coco, em forma de “V”, que herdou o nome do mítico herói, é típico da cidade de Viseu. Na Confeitaria Amaral (Tel. 232422920), particularmente profícua na criação de novos doces, encontra o Pastel Viriato e ainda as “Rotundinhas”, uma trouxa de ovos e amêndoa, referência bem-humorada às muitas rotundas de Viseu.
Pedalar no meio da natureza, na Ecopista do Dão
A Linha do Dão, antiga linha ferroviária entre Santa Comba Dão e Viseu, desativada em 1988, foi transformada na Ecopista do Dão. Com 49 km é a Ecopista mais comprida de Portugal. A parte inicial desta ciclovia, começando a partir de Santa Comba Dão, situa-se nas margens do rio Dão e do afluente Pavia, vai acompanhando cada curva do rio significa pelo meio da natureza. Mais à frente afasta-se do rio, mas continua rodeada de vegetação, com sobreiros, castanheiros e carvalhos, algumas vinhas, campos e aldeias, e mais longe, vistas sobre a Serra do Caramulo a norte, e sobre a Serra da Estrela a sul. A Ecopista é fácil de percorrer de bicicleta, ou a pé, não tem subidas significativas e tem um pavimento firme, pintado a azul no concelho de Santa Comba Dão, verde em Tondela e vermelho em Viseu. Pode optar por percorrer a totalidade da extensão da Ecopista, pernoitar em Viseu e regressar no dia seguinte para mais uma aventura.
Rota da Ribeira de Várzea em Calde
Percurso de pequena rota de caminhada fácil, comporta pontos de interesse de âmbito paisagístico, patrimonial, histórico/ cultural, ambiental e desportivo. O percurso Rota da Ribeira de Várzea em Calde, em Viseu, inicia-se na aldeia de Várzea próximo de um conjunto de 86 poldras, que, no passado, permitiam o atravessamento do rio para a população de Várzea e de Sanguinhedo de Maçãs. Ao longo da Ribeira de Várzea encontram-se diversos moinhos cujo estado de conservação varia, no entanto, todos merecem uma visita porque em si encerram uma forma de produção de farinha e feitura de pão para abastecimento da população. A Barragem de Várzea de Calde, localizada na ribeira da Várzea, foi concluída em 2000. Trata-se de uma barragem de aterro zonado com 31,5 metros de altura.
Feira de São Mateus celebra Viseu Cidade Europeia do Desporto
A Feira de São Mateus, uma das grandes feiras do país, está a decorrer até dia 8 de setembro, em Viseu. Aproveitando o estatuto de Cidade Europeia do Desporto, a 632ª edição da Guardiã das Feiras Populares mostra-se mais dinâmica e celebra com várias atividades na programação, desde atletismo, andebol, provas de orientação, a padel, BTT, maratonas de ciclismo, remo ou caminhadas junto ao rio. Em simultâneo decorrem diversos eventos ligados à cultura local como o Concurso de Dança Morgadinha, do melhor Vestido de Chita, e a Exposição de Cavalhas Vildemoinhos. A agenda de animação musical inclui desde o folclore ao gospel e diferentes grupos de cantares, além de diversos nomes sonantes do panorama artístico nacional. A Feira tem entrada gratuita em determinados dias e horários. A zona dos comes e bebes funciona até às 2h00.
O território português declinado em vários pratos
Mesa de Lemos (Tel. 961158503), restaurante premiado com Garfo de Ouro pelo Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024, distinguido também com o Selo de Qualidade Recheio, tem em Digo Rocha um dos chefs nacionais mais criativos e com reconhecimento cada vez mais unânime. Cada menu que apresenta é uma viagem por Portugal, a enguia, para a região centro, o besugo, pela costa portuguesa, ou, da serra do Caramulo, o cabrito, assim como a banana da Madeira. Entre os restaurantes distinguidos com selo de Qualidade Recheio e selecionados pelo Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024, surge o Restaurante Clube de Caçadores (Tel. 232450401), onde impera a tradição gastronómica, com ponto alto na oferta de caça em que a casa se especializou de que é exemplo o “Arroz de perdiz com míscaros”. Outra sugestão do Guia e com selo Recheio, é o Flora Restaurante (Tel. 232104683), com ementa pautada pela sustentabilidade, que integra pratos como “Bacalhau confitado, puré de urtigas, azeitonas verdes, amêndoas e pil pil” e “Polenta picante, caramelo de azeitonas e pickle de funcho”, e uma forte aposta nos vinhos biológicos com pouca intervenção. Por fim, mais uma sugestão com as mesmas distinções, lugar de petiscos para refeições divertidas com amigos e degustações prolongadas feitas em harmonia com o vinho dia, habitualmente do Dão, o Palace Viseu (Tel. 963004817).
Descansar na cidade
O Montebelo Viseu Congress Hotel (Tel. 232420001), selecionado pelo Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024 e detém o Selo de Qualidade Recheio, foi remodelado e ficou com mais luz e cor. Tem vista para a cidade e as serras e um Spa com novos circuitos de águas, mas a joia do hotel é a suíte do último piso, um duplex com 500m2, sauna, banho, turco, jacuzzi e zona de massagens privada. Esta suíte conta com terraço panorâmico, sala de estar e de jantar e um piano de cauda. Do mesmo grupo hoteleiro, referência para o Montebelo Palácio dos Melos Viseu Historic Hotel e para o Montebelo Príncipe Perfeito Viseu Garden Hotel. Outra sugestão para pernoitar é a Pousada de Viseu (tel. 232245200), com wine shop, cigar lounge e Magic Spa. Esta Pousada teve renovação arquitetónica assinada por pelo arquiteto Gonçalo Byrne. A Quinta de São Francisco Houses (Tel. 932554200), uma novidade em Viseu, resulta da recuperação de lagares e armazéns onde se guardavam os materiais agrícolas, que deram lugar a cinco unidades de alojamento.
Roteiro de fim de semana é uma iniciativa Boa Cama Boa Mesa, com o apoio do Recheio, que semanalmente, ao longo do ano de 2024 vai dar a conhecer os principais eventos gastronómicos, entre festivais, feiras e mostras, que promovem regiões, restaurantes e produtos locais.
Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver código de conduta), sem interferência externa.
Acompanhe o Boa Cama Boa Mesa no Facebook e no Instagram