A paisagem tipicamente alentejana ladeia a estrada de acesso às Azenhas d’El Rey, nome da praia fluvial localizada no concelho de Alandroal, banhada pelas águas da albufeira da Barragem de Alqueva. No topo, instala-se, desde junho de 2022, com decoração a remeter para o ambiente de praia, o restaurante que é montra da quinta Terramay, dedicada à agricultura regenerativa, situada no mesmo concelho e no extremo oposto do Grande Lago. Terramay significa “Terra Mãe” e aqui a produção rege-se pelo movimento Soil to Soul, que se baseia na consciencialização de que “somos o que comemos”.
“Quando vimos o sítio, ficamos apaixonados”, com a mais-valia “de estar virado para a Terramay” recordam Anna e David de Brito. O conceito único da oferta gastronómica, mais do que justifica o desvio, independentemente da época do ano: os produtos chegam diretamente da quinta e os vegetais são a estrela em cada prato. Na lista de produção em modo biológico entram a carne de vaca da raça Mertolenga, os ovos, os hortícolas, a fruta, entre uma imensidão de ingredientes utilizados, na cozinha, pelo chef Diogo Pereira. “Colher, Cozinhar, Servir” é o lema do Raya Restaurante, que foi inaugurado em 2022. Não é por acaso que a ementa, sempre adaptada aos ciclos da natureza, sugere a “Salada Terramay”, preparada a partir de produtos frescos da quinta de Anna e David de Brito, o “Pakoda”, um croquete vegetariano estaladiço, ou o “Gaspacho Terramay”. Do rio, sugerem-se “Risotto de lagostins” e “Peixe frito”.
Anna de Brito reforça a garantia de qualidade de cada produto, o facto de serem biológicos e de saber qual a origem de cada um. “Nós temos uma responsabilidade muito grande para com o cliente relativamente à comida, porque não é só a qualidade e a quantidade que contam. Os produtos são realmente biológicos!” A sazonalidade é outros dos atributos deste projeto. “É um processo desafiante, que implica muita criatividade”, reconhece Anna de Brito. Neste campo de ação entram os novos produtos de charcutaria desenvolvidos com dois meat designers da Suíça. Atum, patê, chouriço e alheira de vaca são algumas das novidades. “Tudo é feito com carne fresca.” Após transformados, estes produtos são armazenados em local húmido e fresco. “Não precisam de ser refrigerados”, sublinha, chamando a atenção para a redução do impacto energético, ponto igualmente preponderante no projeto. Os produtos estão também disponíveis na pequena loja do restaurante.
Celebrar o verão
Com um calendário dinâmico ao longo do ano, em que cabem diversas experiências, de passeios de barco a visitas à quinta Terramay, passando por diversos workshops, o projeto do Raya Restaurante, pela localização, faz questão de dar vida ao conceito Farm to Beach. Assim, ao longo do verão, o espaço vai estar aberto todos os dias também para jantar, complementando o horário diurno e deixando de parte as habituais folgas de terça e quarta-feira. Até ao final de agosto, as noites de sexta-feira e sábado vão ser animadas com música e dança, a partir das 19h00: “Delicie-se com pratos sazonais, saboreie cocktails refrescantes e deixe que o ritmo da noite o arrebate”, anuncia o restaurante, que também promove, aos domingos, uma aula de yoga gratuita, seguida de um brunch, onde não faltam croissants, com recheio ou simples, broa citrinos e marmelada, entre outros produtos.
Prémio Sustentabilidade 2024
Depois ter integrado o guia “20 restaurantes que merecem o desvio” oferecido com o Expresso no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa, em 2024, o Guia Boa Cama Boa Mesa distinguiu o Raya Restaurante (Praia Fluvial Azenhas d’El Rei, Montejuntos. Tel. 933916725) com o prémio Sustentabilidade: “A esplanada é um miradouro para o Alqueva. Eis o sítio de eleição para beber um cocktail, com composição a partir de ingredientes disponíveis na cozinha. Vale ainda a degustação vínica, já que as referências selecionadas cumprem o requisito da mínima intervenção na adega. Afinal, a preocupação com o meio ambiente e a consciência alimentar está na base deste restaurante. A prova disso também está na escolha do peixe do rio Guadiana, em detrimento do peixe de mar. Hortícolas e frutícolas provêm da vizinha quinta Terramay. Aqui são criados o porco alentejano e os gados bovino, ovino e caprino, colhidos os cereais para fazer o pão de fermentação lenta e a granola “caseira”. O leite de cabra é usado na feitura de queijo curado. Há mel e azeite de produção própria. Os enchidos são 100% naturais, tal como os sumos de frutos e vegetais, os pestos, os molhos, as compostas e os preservados. A ementa varia consoante o que a terra dá e para onde vai o lixo orgânico do restaurante. O sabor preserva a qualidade de cada produto, confecionado na cozinha aberta para a sala”. Preço médio: €30.