Estamos no exacto ponto temporal intermédio entre 4 de Setembro de 1995 e 4 de Setembro de 2045: hoje o SAPO faz 25 anos e nesta data em 2045 cumprirá meio século de existência.
Antecipar o que nos pode aguardar em 2045 é (e nem nos afastemos da luz da experiência de tudo o que foi inesperado nos últimos 25 anos) uma tarefa que nunca nos acrescentará as surpresas que um olhar sobre o passado nos traz. De certa forma até se pode dizer que, por vezes, o passado é (ainda) mais imprevisível do que o futuro.
Em 1995, tinha o SAPO poucas semanas, o país foi chamado a eleições legislativas. Eram as primeiras eleições em que Álvaro Cunhal não estava à frente do PCP e Cavaco Silva afastava-se para preparar a sua primeira tentativa de ser eleito Presidente da República. A abstenção foi de 33,8% o que nos dias que correm seria um autêntico acontecimento (nas últimas legislativas 51,4% dos eleitores abstiveram-se). O novo Primeiro-Ministro seria o actual Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Esta simples enumeração de dados eleitorais já permite antever um ambiente bem diverso do que hoje conhecemos (o que nada tem de espantoso porque decorreram 25 anos) mas, tirando os números da abstenção, pode não encerrar grande surpresa para os mais atentos e com melhor memória nem grande novidade até para os que não tendo vivido a época estejam medianamente informados.
Mas quando continuamos a somar pinceladas de factos sobre a tela da História um outro quadro começa a revelar-se.
A internet era acessível através de linha telefónica com os modems, hoje peças obsoletas mas que na altura valorizávamos e os telemóveis estreavam a mais recente tecnologia: o GSM que, em linguagem dos nossos dias, seria o 2G.
Existiam apenas 36 caixas Multibanco por cada mil habitantes e o sistema Multibanco cumpria o seu décimo aniversário. As caixas cumpriam o que consideraríamos serviços mínimos: levantamentos e consultas. Muito longe, portanto, de todas as funcionalidades que hoje conhecemos em qualquer uma das mais de 110 caixas que existem por cada milhar de pessoas.
Casávamos mais, muito mais. Em 1995 celebraram-se cerca de 65 mil casamentos: mais do dobro dos que hoje entram na estatística. Os casamentos pela Igreja levaram ainda um maior “rombo” pois há 25 anos casava-se quatro vezes mais com essa solenidade.
Claro que, em termos demográficos, nem tudo diminuiu: um indicador-chave para aferir no nosso estado de desenvolvimento cresceu significativamente neste período pois a esperança média de vida que era de 75 anos está hoje um pouco acima dos 80.
Há 25 anos o IVA tinha subido de 16% para 17% o que causou apreensão. A gasolina custava 156 Escudos e o Gásoleo 105 Escudos por litro e podia ser consumida a percorrer os 687 quilómetros de auto-estrada da nossa rede viária. Hoje o combustível tem outros preços mas pode ser consumido em mais de 3000 quilómetros desse tipo de via.
Também o “metro” cresceu: quando o SAPO nasceu existiam menos de 19 quilómetros de linhas e hoje são mais de 122, sobretudo porque ao Metropolitano de Lisboa se somou o Metro do Porto e o do Sul do Tejo mas já na rede ferroviária “tradicional” os números revelaram tendência oposta e passámos de mais de três milhares de quilómetros para cerca de 2500.
Neste ano em que Cristiano Ronaldo se transferiu do Futebol Clube Andorinha para o Nacional e estava ainda longe de dar o nome ao aeroporto do Funchal foram 6 200 000 os passageiros que utilizaram o de Lisboa. O número até parece elevado mas fica completamente esmagado pelos mais de 30 000 000 de passageiros que usaram o aeroporto da capital na contagem mais recente: os exemplos de dados que nos podem surpreender sobre a nossa própria vida há 25 anos seriam tantos que ocupariam páginas e páginas.
Eles apenas ilustram a dificuldade em antecipar o futuro quando até o passado pode ser surpreendente . Um pensamento que poder ganhar particular profundidade sempre que nos recordemos deste ano de 2020 que ainda não tinha chegado a um terço e já nos tinha ensinado que se deve ter muita prudência a antecipar cenários.
O que podemos esperar, então, de 2045? Como esperar e esperança têm a mesma origem etimológica usemos um pouco desta última.
Desde que o SAPO apareceu até hoje a percentagem da população mundial que vive em pobreza extrema (e que era de uns aviltantes 31%) diminuiu para menos de um terço do valor que tinha . Se esta tendência se confirmar até 2045 esperemos Desenvolvimento.
Em 1995 o número de mulheres que já tinham ocupado a chefia de Estados por eleição ou designação (o que exclui sucessões dinásticas) era de 28 e subiu neste quarto de século para 77. Em 2045 é de esperar que a “fronteira do género” esteja completamente esbatida.
Quando o SAPO foi lançado existiam no Mundo um pouco menos de 17 milhões de refugiados e o tema andava distante das primeiras páginas dos jornais. Este número cresceu e hoje serão mais de 26 milhões as pessoas nessa situação. Daqui até 2045 é de esperar que tenhamos dado passos fortes no caminho da solidariedade e da tolerância, assumindo a integração como um desafio
Há 25 anos (pasme-se!) existiam mais autocracias do que democracias no Mundo. Hoje a realidade é a oposta numa tendência que se intensifica depois de 2001. Os próximos 25 anos podem ser os da consolidação da globalização da democracia e da participação dos cidadãos na eleição e escrutínio dos seus governantes.
Em 1995 os utilizadores da Internet eram 0,4% da população mundial e hoje ultrapassam os 62%. Em 2025 prevê-se que 72% dos utilizadores da Internet apenas acederão usando o seu smartphone (ou o dispositivo portátil que lhe venha a suceder) e depois de termos exposto tantas esperanças guardámos para o final uma certeza: daqui a 25 anos pode contar connosco. Provavelmente no seu smartphone mas seguramente com o mesmo compromisso de hoje: levaremos até si toda a informação com garantias de rigor, isenção e credibilidade. Três das características que fazem com que sejamos o site com maior número de utilizadores em todo o país!
Aceite este nosso convite: esperamos por si em 2045.