Na madrugada de sábado, 7 de outubro de 2023, combatentes do Hamas lançaram um ataque sem precedentes contra Israel. Foram lançados milhares de rockets contra território israelita, militantes islâmicos furaram barreiras e entraram em comunidades perto da Faixa de Gaza, matando residentes e fazendo reféns.

Nesse dia, mais de 1.200 pessoas morreram de ambos os lados, 251 foram levadas como reféns pelo Hamas para a Faixa de Gaza. Israel declarou o estado de guerra.

Dez momentos-chave de um ano de guerra travada por Israel para eliminar o Hamas que se estendeu ao movimento xiita libanês Hezbollah e aos Houthis no Iémen, países do chamado Eixo da Resistência liderados pelo Irão.

1 - 7 de outubro de 2023: o dia mais mortífero da história de Israel

Na madrugada desse sábado, o Hamas lança uma ofensiva em várias frentes contra Israel, em localidades perto da fronteira e num festival de música, debaixo de múltiplos disparos de mísseis.

O Hamas afirma ter disparado mais de 5 mil projéteis no âmbito da ofensiva batizada "Tempestade Al-Aqsa", referência à mesquita Al-Aqsa, terceiro lugar sagrado do Islão situado em Jerusalém-Leste, ocupada e anexada por Israel. Em simultâneo, combatentes do Hamas - o movimento dirá mais tarde que foram 1200 - entram em Israel em motas, carrinhas, pequenas lanchas e até paramotores.

O eficaz sistema israelita de defesa antiaérea "Cúpula de Ferro" entra em ação mas é rapidamente sobrecarregado pela quantidade de rockets disparados aos milhares.

Das 251 pessoas, israelitas e estrangeiros, levados como reféns para a Faixa de Gaza, um ano depois ainda há 97 em cativeiro em território palestiniano, 33 foram declarados mortos, os restantes foram sendo libertados.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, jura aniquilar o Hamas, considerado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

8 de outubro de 2023 - O Irão, que não reconhece a existência de Israel, reitera o seu apoio ao Hamas.

“O Irão apoia a legítima defesa da nação palestiniana. O regime sionista e os seus apoiantes (...) devem ser responsabilizados", declarou o Presidente iraniano na altura, Ebrahim Raisi.


2 - Ofensiva terrestre israelita em Gaza

13 de outubro - depois de uma campanha de bombardeamentos sobre a Faixa de Gaza, totalmente cercada, Israel apela aos habitantes da cidade de Gaza (norte do território) para se dirigirem para o sul. A grande maioria dos 2,4 milhões de residentes da Faixa de Gaza serão deslocados pelo menos uma vez durante esta guerra.

27 de outubro - o Exército israelita lança uma campanha terrestre na Faixa de Gaza.

15 de novembro - o Exército invade o hospital al-Chifa, na cidade de Gaza, onde, segundo Israel, existe um quartel-general militar do Hamas, que nega.


3 - Trégua de sete dias

24 de novembro - início de uma trégua de uma semana entre Israel e o Hamas. O acordo permite a libertação de 80 reféns israelitas e de dupla nacionalidade,25 estrangeiros, a maioria trabalhadores agrícola tailandeses, em troca da libertação de 240 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

A trégua permite a entrada, a partir do Egito, de comboios humanitários, ainda insuficientes para as necessidades, segundo a ONU.

4 de dezembro - recomeçam as hostilidades. O Exército israelita posiciona tanques no sul de Gaza e lança múltiplos ataques aéreos e combates terrestres.

4 - Israel ataca Guarda da Revolução do Irão

25 de dezembro - a Guarda da Revolução, o Exército ideológico do Irão, acusa Israel de matar um dos seus comandantes, Razi Mousavi, num ataque perto de Damasco, na Síria, e promete vingar a sua morte.

20 de janeiro de 2024 - cinco membros da Guarda da Revolução, incluindo dois altos funcionários, são mortos em Damasco num ataque aéreo atribuído a Israel. O Presidente Ebrahim Raissi ameaça retaliar.


5 - Mortes durante a distribuição de ajuda em Gaza

29 de fevereiro de 2024 - 120 pessoas são mortas por fogo israelita, segundo o Hamas, durante uma distribuição de ajuda humanitária na Cidade de Gaza. Israel garante que o comboio de ajuda foi tomado de assalto pela multidão e que os soldados “dispararam com precisão sobre vários suspeitos”.

Março de 2024 - vários países, incluindo os Estados Unidos, lançam ajuda sobre Gaza, onde a população está ameaçada pela fome, segundo a ONU. O primeiro navio com ajuda vindo de Chipre chega a 15 de março.

1 de abril - sete funcionários da ONG americana World Central Kitchen são mortos num ataque em Gaza. O Exército israelita reconhece ter cometido “um erro grave”.


6 - Aumentam as tensões Israel-Irão

1 de abril - um ataque aéreo destruiu o consulado da embaixada iraniana em Damasco, matando sete membros da Guarda Revolucionária, incluindo dois altos funcionário. O Irão e a Síria acusam Israel, que não confirma nem desmente. O Exército israelita virá mais tarde dizer que as vítimas do ataque eram “terroristas” empenhados contra Israel.

13 de abril - o Irão lança um ataque sem precedentes com drones e mísseis em território israelita, em retaliação a um ataque contra o seu consulado em Damasco a 1 de abril.

É a primeira operação militar iraniana a visar diretamente o território israelita desde a instauração da República Islâmica em 1979.

A defesa aérea israelita interceta quase todos os disparos, com a ajuda dos Estados Unidos e de outros países aliados. Israel promete retaliar.

19 de abril - relatadas explosões no centro do Irão. Altos responsáveis norte-americanos atribuem-nas a um ataque retaliatório israelita. O Irão minimiza o impacto das explosões e não acusa diretamente Israel, que não assume a responsabilidade.


7 - Operação no sul da Faixa de Gaza

7 de maio - o Exército israelita inicia incursões “direcionadas” no leste de Rafah, assume o controlo da passagem da fronteira com o Egipto e ataca um campo de refugiados e várias escolas que albergavam pessoas deslocadas.

13 de julho - ataques israelitas perto de Khan Yunis matam o chefe do braço armado do Hamas, Mohammed Deif, segundo Israel.


8 - Morte do Presidente do Irão

19 de maio - o helicóptero que transportava o Presidente e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão despenhou-se provocando a morte de todos os ocupantes. Uma falha técnica é a explicação oficial para o acidente.


9 - Israel lança ataques contra Hezbollah e Houthis

20 de julho - Israel bombardeia o porto estratégico iemenita de Hodeida, em retaliação contra um ataque mortal com drones em Telavive pelos rebeldes Houthis, apoiados pelo Irão.

Na fronteira israelo-libanesa, intensificam-se as trocas de tiros entre o Exército israelita e o movimento islâmico libanês pró-iraniano Hezbollah.

27 de julho - um ataque com rockets mata 12 jovens em Majdal Shams, uma cidade drusa nos Montes Golã sírios anexada por Israel. O Hezbollah nega responsabilidade.

30 de julho - um ataque israelita mata o líder militar do Hezbollah, Fouad Chokr, perto de Beirute.


10 - morte do líder do Hamas Ismail Haniyeh

31 de julho - um ataque em Teerão, atribuído a Israel, mata o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. O Hamas nomeia o seu líder em Gaza, Yahya Sinouarpara o cargo.


11 - Negociações de cessar-fogo

10 de agosto - Israel anuncia morte de oficial dos serviços secretos do Hamas em Gaza

14 a 16 de agosto - após dois dias de negociações em Doha, Washington apresenta uma proposta de acordo de cessar-fogo, imediatamente rejeitada pelo Hamas. As discussões são retomadas no dia 22 no Cairo e depois na capital do Qatar.

Israel e o movimento palestiniano acusam-se mutuamente de não quererem um acordo.

20 de agosto - Israel recupera corpos de seis reféns na Faixa de Gaza

25 de agosto - Israel anuncia que tinha frustrado um grande ataque do Hezbollah graças a ataques preventivos, enquanto o movimento libanês afirma ter lançado "com sucesso" centenas de drones e rockets contra Israel para vingar a morte de Fouad Chokr.

30 de agosto - o Exército israelita reivindica ter matado Uasam Hazem, um alto responsável do braço armado do Hamas em Jenin, na Cisjordânia.


12 - Operação israelita na Cisjordânia

28 de agosto - Israel lança uma operação militar em larga escala contra grupos armados na Cisjordânia ocupada. A ONU exige o fim imediato desta operação.

Depois de o Exército israelita ter descoberto seis reféns mortos num túnel, a pressão da sociedade israelita para a libertação dos reféns aumenta, mas Benjamin Netanyahu mantém-se irredutível.


13 - Explosão de pagers e walkie-talkies do Hezbollah

17 e 18 de setembro - duas vagas de explosões de pagers e walkie-talkies armadilhados utilizados pelos membros do Hezbollah fizeram 37 mortos e quase 3.000 feridos no Líbano.

Os ataques, atribuídos a Israel, que não os comentou, agravam os receios de uma guerra em grande escala, à medida que os militares israelitas expandem os seus objetivos de guerra para a frente contra o Hezbollah, ao longo da fronteira com o Líbano .

O líder do Hezbollah promete uma "resposta terrível".

14 - Israel mata o líder do Hezbollah

27 de setembro - o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, é morto num ataque israelita numa zona subterrânea de Beirute, onde estavam reunidos vários responsáveis do movimento xiita libanês. Um general iraniano da Guarda da Revolução também morre ao seu lado.

O Hezbollah confirma a morte do seu líder e declara que vai continuar a "guerra santa" contra Israel.

“Sayed Hassan Nasrallah juntou-se aos seus companheiros mártires (...) cuja marcha liderou durante quase 30 anos. A direção do Hezbollah continuará a sua jihad contra o inimigo em apoio de Gaza e da Palestina, em defesa do Líbano", disse o movimento numa declaração publicada pela sua rede de televisão Al Manar.

O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, diz que a perda do líder do Hezbollah “não será em vão” e apela aos muçulmanos para se mobilizarem contra Israel.


15 - Irão ataca Israel

1 de outubro - quatro dias após a morte de Nasrallah, o o Irão lança cerca de 200 mísseis contra Israel, em retaliação pelos assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, do chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, e de um general iraniano, no mesmo no dia em que Israel anuncia operações militares terrestres no sul do Líbano contra o Hezbollah,

O Exército israelita afirma que um “grande número” de mísseis iranianos foi intercetado e avisa que a retaliação terá lugar “onde e quando” Israel decidir.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu garante que o Irão "cometeu um erro grave" ao atacar o seu país e que "pagará o preço", enquanto o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, afirma que "a vitória pertence aos defensores da justiça".