O PCP não avançou com nenhum nome para integrar o grupo de trabalho para discutir a sessão solene do 25 de Novembro, no Parlamento, e não participou, assim, esta quarta-feira na primeira reunião do grupo. Uma reunião para os partidos começarem a discutir a organização da sessão solene comemorativa, assim como os convites a associações e personalidades relacionadas com a efeméride, e uma eventual exposição, ao que apurou o Expresso.

Se não é novidade que os comunistas se opõem à realização de uma sessão solene comemorativa do 25 de Novembro - à semelhança dos restantes partidos da esquerda - o partido optou por não integrar o grupo de trabalho na Assembleia da República (AR), ao contrário das outras forças políticas. “O PCP não fez indicação para o grupo de trabalho sobre a sessão do 25 de Novembro que entende não se dever realizar”, respondeu ao Expresso fonte oficial do grupo parlamentar

O partido “discorda da realização de uma sessão alusiva ao 25 de Novembro na Assembleia da República que se insere no processo de desvalorização, menorização e ataque ao 25 de Abril, à Revolução que libertou Portugal do fascismo, instaurou a liberdade e a democracia, concretizou importantes transformações e promoveu grandes avanços nos direitos, que as forças retrógradas e reacionárias procuraram e procuram pôr em causa”.

O programa da comemoração do 25 de Novembro deverá ficar fechado dentro de quinze dias, segundo informou esta quarta-feira o porta-voz da conferência de líderes, o social-democrata Jorge Paulo Oliveira, no final da reunião dos líderes parlamentares. “Em princípio haverá uma conferência de líderes dia 23 de outubro, data em que se fechará em definitivo a programação”, disse Jorge Paulo Oliveira, em declarações aos jornalistas, no final da conferência de líderes.

Os sociais-democratas indicaram para o GT Hugo Carneiro, enquanto os socialistas Pedro Delgado Alves. Pelo Chega, IL e CDS integram o grupo os deputados Rui Paulo Sousa, Rodrigo Saraiva e Paulo Núncio, respetivamente. À esquerda, o Bloco indicou José Soeiro, o Livre, Rui Tavares, e o PAN a deputada única Inês de Sousa Real.

A decisão de criar o grupo de trabalho foi tomada no passado dia 25 de setembro, em conferência de líderes, uma vez que não houve consenso quanto aos moldes da sessão. O PS foi um dos partidos que defendeu que não devia haver uma “mimetização” da sessão solene do 25 de Abril. Pedro Delgado Alves considerou que seria “relevante” fazer um levantamento prévio de outras sessões solenes “como, por exemplo, a Sessão Solene Evocativa da Aprovação da Constituição de 1822, no âmbito das Comemorações do Bicentenário do Constitucionalismo”, pode ler-se na súmula da reunião da conferência de líderes do passado dia 25.

Recorde-se que toda a esquerda votou contra a proposta do CDS para se assinalar todos os anos o 25 de Novembro de 1975 no Parlamento - só o PAN se absteve. PSD, CDS, Chega e IL votaram a favor. Na altura, a proposta dos liberais para incluir a "celebração do 25 de Novembro nas comemorações do cinquentenário do 25 de Abril" também levou a críticas da esquerda, com os partidos a defenderem que não se pode comparar as duas datas.