Pelo calendário judaico estamos já depois do ano 5 mil.
"Não é só uma religião, é um povo e um povo com o seu território, portanto uma nação (...) falar do Judaísmo como uma religião é muito pouco, é uma nação, a nação judaica que acredita num único Deus", explica Julio Englestein, professor de Hebraico e de Judaísmo.
Os judeus esperam ainda por um Salvador (ou Messias). Não celebram, por isso, o Natal, que representa para os cristãos o nascimento de Jesus. Ainda assim, na Sinagoga Shaare Tikvah, em Lisboa, estão abertos a desejar "boas festas".
"Muita gente na comunidade tem na sua estrutura pessoas que não professam a religião judaica (...) e obviamente que os votos de boas festas ou de feliz Natal são desejados e com muita intenção (...) e entre os judeus nesta altura dizemos: um feliz Hannukah", assinala o diretor-executivo da Comunidade Israelita de Lisboa, Marcos Prist.
A celebração do Hannukah
Não é garantido que aconteça, dado que o calendário judaico é lunar, mas normalmente a celebração do Hannukah coincide com o mês de Natal. Este ano os oito dias da festividade arrancam precisamente a 25 de dezembro.
Marcos Prist explica que "esta data celebra a reinauguração do templo sagrado numa ocasião em que os judeus conseguem num combate retomar o espaço do templo, encontram um recipiente de azeite que devia durar apenas um dia e aquilo dura por 8 dias".
O templo a que se refere é o templo de Jerusalém. Durante oito dias, com ajuda de azeite, judeus de todo o mundo acendem velas em oração - em família e nas Sinagogas.
"As pessoas fazem alguma associação, por ser dezembro, com o Natal (...) objetivamente não há qualquer tipo de relação nem religioso nem histórico, há algumas similaridades (...) pela questão familiar, reunião familiar, questão gastronómica, nós por conta do milagre do azeite comemos alimentos que são feitos no óleo", sublinha o diretor-executivo da Comunidade Israelita de Lisboa.
“O peso da prenda não é o mais relevante”
Quanto aos presentes de Natal, tão típicos desta altura do ano, há famílias que optam por oferecer durante o Hannukah (um tempo que é também de família).
"Há uma tradição lúdica das moedas de chocolate (...) as crianças sabem também que o colega não judeu recebe, então na celebração, ao cantar as canções e a acender as velas, acabam também por partilhar uma prenda para que as crianças sintam também um valor maior, mas o peso da prenda não é o mais relevante", reforça Marcos Prist.
Pilar central do Judaísmo é a Torah, a lei sagrada que se lê da direita para a esquerda. Corresponde aos cinco primeiros livros da Bíblia (no Antigo Testamento).