O Presidente da Ucrânia advertiu a União Europeia (UE) que o seu plano para a vitória "é para este momento" e que avançar com esta proposta pode fazer com que o conflito com a Rússia acabe "no próximo ano".
"O plano para a vitória foi desenhado para este momento. Encorajo-vos a todos a ajudarem a concretizá-lo. Se começarmos agora e seguirmos o plano para a vitória, podemos acabar esta guerra o mais tarde no próximo ano", disse Volodymyr Zelensky, na intervenção perante o Conselho Europeu, a que a Lusa teve acesso.
O Presidente ucraniano acrescentou que o plano para a vitória "é uma ponte" para um processo de paz duradouro e construído em preceitos diplomáticos.
"Vocês podem ajudar a fazer com que seja uma realidade", apelou, perante os 27 chefes de Estado e de Governo da UE, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, em Bruxelas.
Na sua apresentação, Zelensky pediu “um sinal" para a população ucraniana, como por exemplo, um convite para fazer parte da NATO, argumentando que "essa esperança" vale tanto quanto o armamento de que o país necessita.
"Se recebermos esse sinal, vamos sentir que não estamos sozinhos", disse Zelensky, em conferência de imprensa, após participar numa reunião do Conselho Europeu, na capital belga.
Depois de o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ter dito na quarta-feira que ainda não é o momento para fazer um convite para a Ucrânia aderir à Aliança Atlântica, Zelensky insistiu hoje nesse ponto, um dos cinco que compõem o seu "plano para a vitória" para derrotar a Rússia no conflito iniciado em fevereiro de 2022.
Também esta quinta-feira, o Presidente ucraniano disse que seria "um erro" deixar o país fora da NATO, quando, "na prática, já faz parte" da Aliança Atlântica e advertiu que ainda aguarda o cumprimento dos compromissos das últimas duas cimeiras.
"Seria um erro deixar a Ucrânia politicamente fora da Aliança [Atlântica] quando, na prática, já faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO)", disse Volodymyr Zelensky, em conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, no quartel-general da organização, em Bruxelas (Bélgica).
O Presidente da Ucrânia agradeceu todo o apoio dado pelos países da NATO desde 24 de fevereiro de 2022, início da invasão russa, mas disse que o país ainda está a aguardar por promessas passadas.
O ex-comandante das Forças Armadas da Ucrânia Valery Zaluzhny defendeu, também, que a adesão do país à NATO pode ajudar esta organização a modernizar-se e a preparar-se para um futuro conflito.
Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ O Exército da Rússia reclamou a conquista de uma aldeia na região de Donetsk, leste da Ucrânia, onde prossegue o avanço contra as forças ucranianas. De acordo com o Ministério da Defesa russo, as tropas de Moscovo "capturaram" a aldeia de Maksymilianivka, perto da cidade de Kurakhove, a sul de Pokrovsk, uma importante base logística para o Exército de Kiev.
⇒ O Reino Unido anunciou novas sanções contra a chamada "frota fantasma" de navios que permitem à Rússia exportar petróleo e gás, contornando as medidas sancionatórias ocidentais impostas desde a invasão da Ucrânia. A chamada "frota fantasma" é constituída por velhos navios russos de propriedade anónima e sem seguro. Esta nova série de sanções, a quarta série decretada pelas autoridades britânicas, visa 18 petroleiros e quatro navios-tanque de gás natural liquefeito (GNL), informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.
⇒ O Vaticano indicou que a recente visita do enviado do Papa Francisco à Rússia, o cardeal Matteo Zuppi, permitiu "analisar algumas perspetivas para continuar a cooperação humanitária e abrir caminhos para a tão desejada paz" na Ucrânia. Zuppi concluiu na quarta-feira uma viagem de três dias que constituiu "uma segunda visita a Moscovo, em continuidade com a missão que lhe foi confiada pelo Papa Francisco", referiu o Vaticano num comunicado.
⇒ O Presidente da Ucrânia avançou que os serviços secretos do país identificaram 10.000 militares norte-coreanos preparados para apoiar a Rússia na ofensiva no território ucraniano, indicando, porém, que estes operacionais ainda estarão na Coreia do Norte. Questionado sobre um anúncio que fez hoje de manhã em Bruxelas mas sem prestar esclarecimentos, Volodymyr Zelensky explicou que os serviços secretos ucranianos obtiveram informações de que o regime de Pyongyang vai enviar 10.000 militares para apoiar a ofensiva militar da Federação Russa no território ucraniano, iniciada há mais de dois anos e meio.