Lisboa foi o palco das principais revoluções da História de Portugal nos últimos 750 anos: 1383-85, 1640, 1820, 1836, 1910 e 1974. Curiosamente, desde os finais do século XIV até ao 25 de abril, há locais da cidade que repetem protagonismo nos momentos revolucionários: a Sé e o Rossio, e mais tarde o Largo do Carmo, a Praça do Comércio e a Rotunda do Marquês de Pombal.

Consta até que uma das primeiras “fake news” da História de Portugal ocorreu durante a crise de 1383-85, quando os apoiantes do mestre de Avis puseram a correr pela cidade a falsa narrativa que a vida do futuro D. João I estava em risco. Uma das personalidades vencedoras deste período viria a ser o responsável pela construção do convento do Carmo, que serviu de último reduto para os poderes cessantes em dois momentos posteriores: a queda da monarquia e do Estado Novo.

A chamada Restauração da Independência, em 1640, teve o epicentro no Terreiro do Paço, onde se situava o Palácio Real e foi defenestrado o secretário de estado, leal a Madrid, Miguel de Vasconcelos. Um cuidado planeamento que envolveu castelos e fortalezas dos arredores da cidade, como viria acontecer no 25 de abril.



José Fonseca Fernandes

A primeira das duas revoluções do século XIX (1820 e 1836) teve origem no Porto, mas a existência do telégrafo ótico espalhou as notícias até à capital. O Rossio já era, nesta altura, a principal praça da cidade, e foi o palco das movimentações revolucionárias que culminaram com a “Belenzada”, em que a rainha D. Maria II, encerrada no palácio de Belém, foi obrigada a aceitar a nova configuração do poder.

A revolução de 1910 ocorre já em novas geografias de uma cidade em expansão, como a rotunda do Marquês de Pombal, cujo monumento ainda estava por construir. A existência da fotografia permite-nos visualizar os diferentes locais por onde se movimentaram os revoltosos até à instauração da república na varanda dos Paços do Concelho. Para o sucesso da revolução dos cravos foi essencial a transmissão das duas senhas musicais através das ondas da rádio. Terreiro do Paço, rua do Arsenal e Largo do Carmo fizeram parte dos caminhos dos militares que puseram fim a 48 anos do regime autoritário.

No episódio desta semana, o jornalista Miguel Franco de Andrade conversa com o historiador Daniel Alves, sobre 750 anos de revoluções que tiveram Lisboa como palco.


José Fonseca Fernandes

O 10º episódio das Histórias de Lisboa segue de perto a exposição “Lisboa em Revolução, 1383 - 1974” que pode ser vista no museu de Lisboa até 5 de janeiro. Este podcast regressa em 2025 após uma curta pausa. Bom ano!

SIC Notícias

Histórias de Lisboa é um podcast semanal do jornalista da SIC Miguel Franco de Andrade com sonoplastia de Salomé Rita e genérico de Nuno Rosa e Maria Antónia Mendes.

A capa é de Tiago Pereira Santos em azulejo da cozinha do Museu da Cidade - Palácio Pimenta.

Ouça aqui as ‘Histórias de Lisboa’: