Os 12 aviões A-29N Super Tucano recentemente adquiridos têm uma ampla utilidade militar. Por isso, estas aeronaves representam um considerável progresso estratégico para a Força Aérea e simbolizam a determinação de Portugal proteger os interesses de segurança nacional num mundo cada vez mais imprevisível.

Os Super Tucano são aviões turboélice multifuncionais, amplamente reconhecidos pela sua versatilidade, eficiência e capacidade para operar em ambientes muito diversificados. Foram desenvolvidos pela Embraer, combinam tecnologia avançada com baixo custo operacional, e possuem grande valia em missões de apoio aéreo próximo, de vigilância, de reconhecimento e de treino de pilotos.

A sua velocidade máxima é de 590 km/h, o alcance de 1.500 km e a capacidade de transporte de armamento de 1.550 kg. Estão equipados com sistemas de última geração, que incluem sensores eletro-óticos, sistemas de comunicações seguros e uma ampla gama de armamentos modernos. Para além disso, são plataformas robustas, capazes de operar em pistas improvisadas e em condições climatéricas adversas, o que as torna excelentes para cenários em que a mobilidade e a adaptabilidade são essenciais.

O investimento foi cuidadosamente planeado e ocorre num contexto de crescentes necessidades de defesa nacional. Com efeito, por um lado, a progressiva obsolescência dos meios militares portugueses implica a sua gradual substituição. Por outro lado, a evolução das ameaças globais, como o terrorismo, o tráfico de drogas, a pirataria e os conflitos regionais, exige o reforço e a continuada modernização das capacidades operacionais.

Para além disso, os compromissos assumidos por Portugal no âmbito da NATO, da UE e da ONU requerem que as Forças Armadas estejam bem equipadas e prontas para colaborar em missões internacionais. A sua presença em operações de paz, especialmente na África Ocidental e no Atlântico Norte, reforça a carência de meios modernos para garantir a projeção de força e a proteção eficaz das nossas forças no terreno.

Os Super Tucano são uma boa resposta às necessidades de defesa nacional antes identificadas, pois têm grande utilidade militar na formação avançada de pilotos e na realização de missões de combate e de vigilância.

Pelas suas características de voo e nova arquitetura de sistemas, estas aeronaves permitem recriar, na Força Aérea, a capacidade orgânica de formação avançada de pilotos, utilizando uma plataforma moderna e mais próxima das condições reais de combate. Assim, será possível preparar os militares de forma mais eficiente e eficaz, contribuindo para uma transição suave para as aeronaves avançadas, como os F-16M, ou até para as de 5ª geração, como é o caso dos F-35.

A capacidade de apoio aéreo próximo dos Super Tucano tornam-no ideal para missões de combate em cenários de baixa intensidade. Neste contexto, a sua presença em operações internacionais, nomeadamente na missão da ONU na República Centro Africana, onde está empenhada uma força do Exército, dará maior proteção aos nossos militares, demonstrará um superior compromisso do país com a segurança global e reforçará as nossas parcerias estratégicas.

Portugal possui uma extensa área marítima sob sua soberania e jurisdição, incluindo o mar territorial e a Zona Económica Exclusiva, que exige uma vigilância constante. Neste âmbito, os Super Tucano podem contribuir para a monitorização e o exercício da autoridade do Estado nessa área, apoiando operações da Marinha, da Autoridade Marítima e de diversos órgãos de polícia criminal, contra a pesca ilegal, o tráfico de drogas e outras atividades ilícitas no mar.

A tudo isto acresce que o país está situado num espaço de ligação entre a Europa, África e as Américas, e é membro da NATO, UE, ONU e CPLP, onde tem obrigações de defesa. Estas intrincadas circunstâncias geopolíticas exigem que as Forças Armadas estejam preparadas para responder aos compromissos internacionais de Portugal.

Neste contexto, importa salientar que a aquisição dos Super Tucano está alinhada com os padrões da NATO e da UE, pelo que fortalece a interoperabilidade das forças portuguesas em missões com os aliados. Este aspeto é crucial para a utilidade militar destas aeronaves, pelo contributo que podem dar para o sucesso das operações multinacionais e para a garantia de que Portugal continua a ser um parceiro confiável e militarmente válido.

Para além disso, os Super Tucano também reforçam a capacidade nacional para apoiar a ONU e a CPLP, pois o empenhamento de aeronaves modernas em missões de paz e de cooperação técnico-militar poderá ser um sinal claro do compromisso do país com a estabilidade e o desenvolvimento global.

O excelente custo-benefício dos Super Tucano é outro argumento de peso a favor da sua utilidade militar. Na realidade, enquanto os caças modernos possuem despesas operacionais elevadas, as novas aeronaves são significativamente mais baratas de operar e manter, sem comprometer a eficácia em determinadas missões e em teatros de baixa intensidade. Esta característica é especialmente relevante num contexto de restrições orçamentais, porque permite a Portugal aumentar a sua capacidade militar sem pressionar excessivamente os recursos financeiros do Estado.

Concomitantemente, a aquisição dos Super Tucano insere-se na estratégia nacional de utilizar os programas de reequipamento das Forças Armadas para apoiar a capacitação industrial do país e reforçar o conhecimento da Base Tecnológica e Industrial de Defesa (BTID). Isso é garantido por uma participação ativa na criação de soluções técnicas da nova arquitetura de sistemas operacionais da aeronave e na sustentação continuada da nova capacidade da Força Aérea.

Embora a aquisição dos Super Tucano tenha, entre outros, os substanciais benefícios antes enunciados, também coloca desafios a serem enfrentados. O principal relaciona-se com a introdução de um novo tipo de aeronave na Força Aérea, o que acarreta investimentos adicionais em infraestruturas, manutenção e formação técnica. Estes custos, sendo contidos, esperados e necessários, podem gerar algumas pressões orçamentais a médio prazo.

Em síntese, a recente aquisição de 12 aviões A-29N Super Tucano está alinhada com as necessidades de defesa nacional. Embora possa criar alguns desafios financeiros e logísticos, estas aeronaves têm uma vasta utilidade militar, associada ao preenchimento de diversas lacunas operacionais das Forças Armadas e ao reforço da sua capacidade de resposta aos compromissos internacionais do país, a que se acrescentam o excelente custo-benefício e os contributos para as indústrias nacionais e para a BTID. É, por tudo isto, que os Super Tucano representam um considerável progresso estratégico para a Força Aérea e simbolizam a determinação de Portugal proteger os interesses de segurança nacional num mundo cada vez mais imprevisível.