A adesão à greve dos trabalhadores da higiene urbana em Lisboa foi esta quinta-feira de cerca de 70%, com uma menor adesão no turno da tarde, disse à Lusa fonte sindical.

Enquanto no horário da manhã a adesão foi de 80%, tendo saído apenas as viaturas que cumpriam os serviços mínimos, no turno da tarde eram precisos fazer cinco circuitos mas foram feitos 13, portanto mais do que os serviços mínimos, disse à Lusa Ludgero Pintão, dirigente do Sindicado Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL).

Confirmando que a adesão à greve foi menor durante a tarde, o responsável disse que neste dia de greve em Lisboa a adesão rondou os 70%. Em Oeiras e no norte do país, onde também está a haver greve na recolha do lixo, o dirigente disse que há bastante adesão mas remeteu para mais tarde dados mais precisos.

Em Lisboa, disse, a greve foi esta quinta-feira uma "demonstração da força dos trabalhadores" e o presidente da Câmara deve deixar-se de "demagogias puras e tratar aquilo que realmente interessa que é o investimento no setor da higiene urbana, que até à data não tem feio".

O presidente da Câmara, Carlos Moedas, tem feito tudo para que o lixo seja apanhado incluindo tentativa de ilegalidades e de tentar furar a greve, referiu o sindicalista, recordando que do acordo feito há um ano e meio com a autarquia estão por cumprir a maior parte dos pontos, como o investimento nas viaturas, nos bares e refeitórios e na reorganização do serviço.

"A Câmara diz que os sindicatos não querem negociar mas andamos a negociar há um ano e meio", disse Ludgero Pintão, considerando que a atual greve é também um alerta para 2025, para que Câmara resolva as situações para evitar que os trabalhadores tenham de "ir outra vez à luta".

Greve prolonga-se até ao Ano Novo

Os trabalhadores da higiene urbana do município de Lisboa estão desde quarta-feira e até 2 de janeiro em greve ao trabalho extraordinário, a que se junta uma greve de 24 horas durante dois dias esta quinta-feira e na sexta-feira.

Para os mesmos dois dias foram marcadas paralisações no vizinho concelho de Oeiras e na empresa Resinorte, que abrange dezenas de autarquias da região Norte.

Na capital, onde a greve é também convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), há serviços mínimos esta quinta-feira, na sexta-feira e no sábado, decretados pelo colégio arbitral da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP).

Para o Ano Novo está prevista greve apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre as 22:00 do dia 1 e as 06:00 do dia 2 de janeiro.

Os sindicatos justificam o protesto com a ausência de respostas do executivo municipal lisboeta aos problemas que afetam o setor da higiene urbana, em particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.

Segundo dados do STML, 45,2% das viaturas essenciais à remoção encontram-se inoperacionais, 22,6% da força de trabalho está diminuída fisicamente ou de baixa por acidentes de trabalho e existe um défice de 208 trabalhadores.

A Câmara de Lisboa assegurou que o acordo celebrado em 2023 está a ser cumprido e tentou, sem sucesso, negociar para que a greve fosse desconvocada, alegando que 13 dos 15 principais pontos do acordo estão cumpridos. Os restantes dois, obras nas instalações e a abertura de bares em todos os horários e em todas as unidades, estão em fase de conclusão, indicou.

A autarquia distribuiu pela cidade 57 contentores para deposição de lixo orgânico e reciclável, uma medida "mitigadora" para atenuar os efeitos da greve.


Com LUSA