Um autocarro da Carris Metropolitana foi hoje ao final da tarde incendiado no bairro do Zambujal, na Amadora, distrito de Lisboa, constatou a Lusa no local.

Pelas 19h05, as equipas de prevenção e intervenção rápida da PSP que se encontravam na praça de São José deslocaram-se para o interior do bairro, com duas carrinhas e seis motas.

Em declarações à Lusa, uma moradora relatou que o autocarro foi mandado parar por um grupo de jovens do bairro que, depois de o motorista sair, lançou fogo à viatura.

As chamas consumiram o veículo, tendo-se também ouvido explosões e disparos.

Autocarro consumido pelas chamas no bairro do Zambujal
Autocarro consumido pelas chamas no bairro do Zambujal MIGUEL A.LOPES

Entretanto, a polícia montou um perímetro de segurança no acesso à zona do fogo, muito próximo de prédios de habitação e, pelas 19h25, os bombeiros já se encontravam no local a combater as chamas.

Em comunicado, a Direção Nacional da PSP indica que, depois dos distúrbios ocorridos durante a madrugada, na sequência da morte de um morador baleado pela PSP na Cova da Moura, ao final da tarde voltaram a ocorrer "situações de desordem no interior do Bairro do Zambujal", nomeadamente "um episódio grave de violência urbana", com o roubo de um autocarro da Carris que foi incendiado.

"Apesar de vários esforços, não foi possível até ao momento detetar e intercetar os suspeitos deste crime violento, tendo, todavia, sido já efetuada uma detenção por posse de material combustível, que indiciava a sua utilização para deflagração de incêndio", acrescenta a PSP.

O ambiente tenso

A reportagem do Expresso, que chegou ao local, dá conta de um ambiente tenso, com dezenas de polícias armados posicionados debaixo de arcadas ou das entradas dos prédios, protegendo-se de eventuais agressões, pedindo aos moradores que entrem nas suas respetivas casas. Num primeiro momento, vários lasers de cor verde foram projetados para as janelas dos prédios.

A rua, que esta tarde esteve ocupada durante uma manifestação a pedir justiça, foi bloqueada em ambos os sentidos pelas autoridades. O fogo que consumiu o autocarro foi extinto e posteriormente foi alvo de perícias de elementos da Polícia Judiciária que chegaram ao local.

A entrada nas casas e a detenção

Fonte policial garantiu que nenhum agente tinha entrado em residências num momento inicial, mas enquanto as carrinhas da PSP patrulhavam a área ouviram-se petardos e foram arremessadas pedras de uma rua paralela e as autoridades puseram-se a caminho. Uma sobrinha de Odair Moniz, o homem que faleceu, garantiu ao Expresso que a polícia começou a bater às portas das casas dos prédios à volta do edifício onde a família vivia. A SIC Notícias garante que há um detido por posse de material pirotécnico, informação corroborada pela própria PSP, em comunicado que indica que, depois dos distúrbios ocorridos durante a madrugada, na sequência da morte de um morador baleado pela PSP na Cova da Moura, ao final da tarde voltaram a ocorrer "situações de desordem no interior do Bairro do Zambujal", nomeadamente "um episódio grave de violência urbana", com o roubo de um autocarro da Carris que foi incendiado.

"Apesar de vários esforços, não foi possível até ao momento detetar e intercetar os suspeitos deste crime violento, tendo, todavia, sido já efetuada uma detenção por posse de material combustível, que indiciava a sua utilização para deflagração de incêndio", acrescenta a PSP.

Há, para já, duas situações de emergência médica: duas pessoas foram socorridas por bombeiros por inalação de fumos e altas temperaturas, junto de onde o autocarro ardeu.

Segunda noite de protestos

Na véspera, na noite de segunda-feira, pelo menos 30 pessoas causaram distúrbios no bairro do Zambujal, em Lisboa, onde morava o homem morto a tiro pela PSP na Cova da Moura. Vários caixotes do lixo foram incendiados e pelo menos uma pessoa ficou ferida, mas ninguém foi detido.

Pouco depois das 21h00 instalou-se o caos no bairro do Zambujal: caixotes do lixo a arder e outros virados ao contrário para impedir a entrada das autoridades.

Os bombeiros foram chamados e terão sido mal recebidos. Pediram ajuda à polícia, que destacou equipas de intervenção rápida da PSP e da Unidade Especial de Polícia.

[Notícia em atualização]