A Amnistia Internacional (AI) emitiu uma "ação urgente" para exigir a libertação imediata de quase 900 pessoas detidas arbitrariamente por motivos políticos na Venezuela.

"Exigimos que [o Presidente] Nicolás Maduro liberte todas as pessoas detidas arbitrariamente e que, enquanto estas permanecerem detidas, lhes proteja a vida e a integridade, nomeadamente garantindo as visitas familiares e dos advogados que escolham, assim como condições dignas de detenção", explica o texto divulgado quinta-feira.

Segundo a Amnistia, muitos das quase 900 pessoas que estão detidas por motivos políticos “são submetidas a tortura e outros maus-tratos, desaparecimentos forçados e privações arbitrárias de liberdade, para além da ausência sistemática de garantias de um julgamento justo, incomunicabilidade prolongada e negação de cuidados médicos”.

A AI adianta ainda que "a Venezuela está a sofrer uma profunda crise de direitos humanos há mais de 10 anos" e que durante este período ocorreram crimes contra a humanidade e uma complexa emergência humanitária que levou mais de 25% da população do país a fugir para o estrangeiro.

"A persistente política de repressão, destinada a silenciar qualquer forma de dissidência, real ou sentida, atingiu um pico histórico após as eleições presidenciais de 28 de julho de 2024", precisa a Amnistia Internacional, adiantando que foram registadas desde então mais de 2.000 detenções arbitrárias de manifestantes, opositores políticos, ativistas, defensores dos direitos humanos e até de transeuntes.

"Quase todas elas foram sujeitas a processos penais arbitrários, com acusações de terrorismo e incitamento ao ódio, muitas simplesmente por discordarem do atual governo. As crianças e os adolescentes, assim como os deficientes, foram também vítimas destas violações dos direitos humanos, muitas delas vítimas de tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes", realça.