Foi uma "renúncia com efeitos imediatos", apesar de não haver "qualquer incompatibilidade legal decorrente da nomeação". Dias após a sua mulher tomar posse como ministra, António Ramalho, o CEO que recuperou e pôs o Novobanco a dar lucro e que depois de se reformar de quaisquer funções executivas assumira, há cerca de um ano, um cargo na administração da Cruz Vermelha, decidiu afastar-se da instituição. A razão não é de legalidade mas de consciência: o facto de Maria do Rosário Palma Ramalho, sua mulher, ser a ministra que tutela a Cruz Vermelha.
A notícia foi avançada nesta tarde pelo Observador e confirmada pelo comunicado da Cruz Vermelha, instituição aonde António Ramalho chegou em julho, a convite do presidente, António Saraiva, assumindo um cargo de vogal não remunerado na nova administração da estrutura. Naquilo a que chama "a fase não executiva da vida", António Ramalho divide-se hoje entre os papéis de fellow da Católica Business School do Porto, administrador da FIL – Fundação AEP, senior advisor da Alvarez & Marsal, nos quadros de um pequeno private equity e da Fundação Aljubarrota. Também faz comentário escrito e falado, dá aulas, aconselha sobre negócios e participa em conferências.
Com a chamada da mulher a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e tendo o pelouro da Cruz Vermelha, António Ramalho optou por se afastar da instituição, ainda que a tal não fosse legalmente obrigado.
Contactada pelo SAPO, fonte oficial da Cruz Vermelha explicou que o afastamento foi decisão do próprio administrador. "Considerando as significativas relações da Cruz Vermelha com aquele ministério, a renúncia ao cargo é a decisão que melhor serve também os interesses da instituição", pelo que "foi aceite, com efeitos imediatos". A estrutura liderada por António Saraiva faz ainda questão de "agradecer o inestimável contributo prestado" por António Ramalho ao longo deste ano em que foi administrador.