
“O Partido Socialista, com a sua veia autonomista, está sempre na vanguarda para criar melhores condições legislativas para a salvaguarda de todos os madeirenses e porto-santenses”.
A garantia foi deixada esta manhã por Emanuel Câmara, no âmbito do debate ‘A Revolução dos Cravos e o Poder Local: uma conversa entre Gerações de Abril’, promovido pelo PS-Madeira, na sede do partido, no Funchal, para assinalar o 25 de Abril.
O socialista, que neste momento suspendeu o mandato à frente da Câmara Municipal do Porto Moniz, pelo facto de ser candidato às eleições legislativas nacionais de 18 de Maio, salientou a importância da Revolução e os valores e liberdades que este momento possibilitou às pessoas.
Emanuel Câmara aproveitou para relevar que "a Autonomia regional é também um resultado da Revolução". “O facto de nós, ilhéus, podermos decidir parte dos nossos destinos sem estarmos dependentes de um governo central é um reflexo de Abril”, sublinou, realçando também a importância do poder local, "que permitiu desenvolver as políticas de proximidade junto das populações".
O socialista, que encabeça a lista às eleições para a Assembleia da República, defendeu também que a Autonomia “tem de ser sempre dinâmica e nunca pode ser estática”.
Por outro lado, numa altura em que se assinalam os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, Emanuel Câmara não deixou de alertar para "o problema da abstenção", a qual classificou como um “extremismo”. “O grande combate que temos de ter no dia a dia é sensibilizar as pessoas, sobretudo aquelas que pensam que, não participando nos atos eleitorais, resolvem o seu problema”, advertiu.
“Não se pode pôr na mão dos outros a resolução dos nossos problemas. Temos de aproveitar essa oportunidade para, no dia certo, quando houver eleições, ir votar”, apelou, reforçando que "o combate à abstenção tem de ser um desígnio de todos os partidos democráticos, para evitar que apareçam outras forças que têm todos os interesses menos a democracia num Estado, numa Região ou mesmo num concelho”.
Célia Pessegueiro critica "centralismo do Governo Regional"
Por seu turno, Célia Pessegueiro destacou que, na Madeira, a mudança para o PS em algumas câmaras “representou uma liberdade para as pessoas”. A autarca da Ponta do Sol recordou que, em 2017, quando chegou à liderança da edilidade, houve muitas pessoas que lhe salientaram que “agora já podemos dizer que tivemos o 25 de Abril”.
A presidente da Câmara da Ponta do Sol lamentou, contudo, que continue a haver "um centralismo por parte do Governo Regional" e que os municípios ainda tenham uma “autonomia cambada”. “A descentralização que aconteceu das competências do Estado para os municípios, aconteceu no território continental, está-se a trabalhar nesse sentido na Região Autónoma dos Açores, porque a Região tinha recebido essas competências antes, mas aqui, na Madeira, pura e simplesmente pôs-se na gaveta e nem sequer se fala sobre esse assunto”, sustentou.
De acordo com Célia Pessegueiro, "à conta disto, a Câmara da Ponta do Sol e outras da Região poderiam ter uma maior intervenção no seu território e desenvolver um maior trabalho de proximidade com a população", mas “estão coartadas na sua acção”.
“O centralismo existe e, neste momento, ele manifesta-se de uma forma muito clara aqui na Região Autónoma, com um Governo Regional que é centralista, que não quer abrir mão e não quer partilhar competências, como acontece por todo o território nacional com outras câmaras municipais”, reforçou.
A conversa intergeracional entre pessoas que viveram o 25 de Abril e os "filhos da Revolução" foi moderada pela presidente das Mulheres Socialistas da Madeira, Cátia Vieira Pestana e contou, igualmente, com a participação de Júlia Ferreira, professora aposentada, uma das mais antigas militantes socialistas da Madeira e candidata à Câmara Municipal do Porto Moniz no final da década de 70, e Dorisa Aguiar, professora e membro da Assembleia de Freguesia de São Jorge.