O presidente da Câmara de Baião (Porto) disse, nesta terça-feira, que o concelho enfrenta o maior incêndio de que há memória, num cenário dantesco e sensação de impotência, com milhares de hectares de área ardida.

"Isto é um cenário dantesco e anormal. Temos vividos momentos dramáticos", comentou Paulo Pereira, em declarações à Lusa.

O autarca refere, sobretudo, que, em muitas situações, o socorro tem chegado 'in extremis' às populações ameaçadas pelas chamas.

"Felizmente, ainda não tivemos vidas perdidas, como cheguei a temer ontem [segunda-feira]", anotou, enquanto agradecia aos bombeiros o trabalho que têm realizado, "apesar de exaustos".

Atualmente, prosseguiu, os dois incêndios evoluem rapidamente e um deles já consome floresta da serra da Aboboreira, uma área de paisagem protegida.

"É uma tragédia", insistiu.

Paulo Pereira lamenta a insuficiência de meios de combate, sobretudo aéreos, desde os primeiros momentos dos dois incêndios de grande dimensão que lavram no território concelhio. Defendeu que se tivessem atuado no início dos incêndios, as chamas não teriam atingido estas proporções.

Casas, veículos e outros bens têm sido consumidos pelas chamas nas últimas horas, tendo obrigado a retirar pessoas das zonas mais afetadas. Algumas escolas do concelho também estão encerradas.

Os ventos fortes, a reduzida humidade e as altas temperaturas são apontados como fatores que explicam o cenário que se observa no território.

O incêndio principal, que começou em Gôve, na segunda-feira, às 09:53, evoluiu rapidamente para várias freguesias, como Ancede, Santa Cruz do Douro, Ribadouro, Grilo, Santa Leocádia e Mesquinhata

Às 12:50 desta terça-feira era combatido por 82 bombeiros, apoiado por 22 viaturas e um meio aéreo.

O segundo incêndio, que começou em Gestaçô, na segunda-feira, às 15:53, avançou para Viariz, Loivos do Monte e chegou à serra da Aboboreira, zona de paisagem protegida.

"Temos praticamente todo o concelho a arder", exclamou, manifestando-se impotente face à situação.

Entretanto, outros incêndios ativos em Marco de Canaveses e Amarante ameaçam juntar-se ao oriundo de Gestaçô, na serra da Aboboreira, alertou o presidente da câmara.

Pelo menos quatro pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo a região norte e centro do país, como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, distrito de Aveiro, destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas, como a A1, A25 e A13.

Hoje de manhã, cerca das 09:30, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou mais de 140 ocorrências, envolvendo mais de 5.000 operacionais, apoiados por 1.600 meios terrestres e 21 meios aéreos.

A Proteção Civil estima que arderam pelo menos 10 mil hectares na Área Metropolitana do Porto e na região de Aveiro.

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- Com Lusa