O Presidente cessante norte-americano, Joe Biden, afirmou esta quarta-feira que a sua administração e a equipa do Presidente eleito, Donald Trump, "dialogaram como uma equipa" durante as negociações sobre o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

"Eu sabia que este acordo teria de ser implementado pela próxima equipa, por isso disse à minha equipa para se coordenar estreitamente com a nova equipa para garantir que todos falávamos a uma só voz", afirmou Biden, a partir da Casa Branca, ladeado pela vice-Presidente Kamala Harris e o secretário de Estado Antony Blinken.

O primeiro-ministro do Qatar confirmou esta quarta-feira um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, após 15 meses de conflito, avançando que a trégua deverá entrar em vigor no domingo.

O anúncio de Mohammed bin Abdulrahman Al Thani ocorreu em Doha, capital do Qatar, país mediador e que tem acolhido as negociações minuciosas indiretas que decorrem há várias semanas.

Reféns poderão regressar

O líder do Qatar referiu que o acordo alcançado abre o caminho para dezenas de reféns israelitas regressarem a casa, confirmando a libertação de 33 reféns israelitas durante a primeira fase da trégua na Faixa de Gaza, cenário de uma guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas desde 7 de outubro de 2023.

Em Washington, Biden assegurou ainda que os reféns norte-americanos serão libertados como parte do acordo, que prevê a libertação, em várias fases, de dezenas dos detidos pelo Hamas e de centenas de prisioneiros palestinianos em Israel.

Objetivo é “fim permanente da guerra”

Segundo o Presidente cessante, o acordo entre Israel e o Hamas inclui um "cessar-fogo total e completo", seguido, numa segunda fase, de um "fim permanente da guerra".

"A primeira fase durará seis semanas. Inclui um cessar-fogo total e completo, a retirada das forças israelitas de todas as zonas povoadas de Gaza e a libertação dos reféns do Hamas", disse o Presidente norte-americano. "Durante as próximas seis semanas, Israel negociará os termos necessários para alcançar a segunda fase, que é o fim permanente da guerra", acrescentou.

O acordo também permitirá a entrada da ajuda humanitária no território devastado por 15 meses de guerra.

Donald Trump, que toma posse a 20 de janeiro, assumiu a responsabilidade pelo sucesso das negociações do acordo de cessar-fogo, cujos detalhes finais ainda estão a ser analisados pelo gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

"Este acordo de cessar-fogo épico só poderia ter acontecido como resultado da nossa vitória histórica em novembro, pois sinalizou ao mundo inteiro que a minha administração tentará alcançar a paz e negociar acordos para garantir a segurança de todos os norte-americanos e dos nossos aliados", afirmou Trump na rede social Truth Social.

Trump sublinhou ainda que o seu enviado para o Médio Oriente, Steve Witkoff, continuará "a trabalhar em estreita colaboração com Israel e os nossos aliados para garantir que Gaza nunca mais se volte a tornar num refúgio seguro para os terroristas".

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu que o acordo de cessar-fogo seja seguido de negociações para alcançar uma cessação permanente das hostilidades, num período de seis semanas.

"Durante essas seis semanas temos de negociar para chegar a um cessar-fogo permanente para que Israel retire todas as suas forças de Gaza e o Hamas não volte a entrar e sejam estabelecidos os necessários mecanismos de governação, segurança e reconstrução para que Gaza possa avançar. Isso está resolvido? Não", afirmou Blinken.

O conflito em curso em Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou quase 47 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.