O eurodeputado Bruno Gonçalves lança este sábado a sua candidatura à liderança da Juventude Socialista (JS) defendendo que as propinas do Ensino Superior devem voltar a ser de zero euros e ainda o pagamento pelo Estado de 500 euros a cada jovem quando faz 18 anos para que ele gaste nos dois anos seguintes em consumos culturais.

Na sua moção, que será intitulada "Liberdade", Bruno Gonçalves defende a alocação de 2% do PIB em investimento público para a construção de casas pelo Estado e ainda a criação de mecanismos de "via verde" no licenciamento para quem quer construir casas para arrendar a custos controlados.

Bruno Gonçalves, 27 anos, formado em Braga em engenharia mecânica, afirma que "as estruturas partidárias, que nasceram como garantes de um ambiente plural e de alternância democrática, não conseguiram acompanhar o ritmo de evolução dos vários setores da sociedade", sendo que, no seu entender, "a Juventude Socialista não escapou a esta crise de confiança".

Assim, o que pretende é uma JS "aberta à sociedade civil e não um clube de amigos". E defende que na escolha da sua liderança a organização adote o sistema há muito usado no PS: "Eleição direta do secretário-geral, valorizando o voto dos militantes de base" porque "não há motivo que justifique a inexistência deste vínculo democrático entre a liderança e os militantes que lhe conferem legitimidade". Se vencer, irá lançar uma lançar uma campanha de filiação intitulada "1000 militantes em 100 dias" onde se faça "recrutamento ativo de estudantes e trabalhadores jovens".

No seu entender, exige-se uma "transformação e sofisticação" da economia nacional, "encaminhando o investimento público para setores de elevado potencial e com valor acrescentado": "Portugal deve aproveitar esta revolução para criar valor nos territórios de baixa densidade populacional mais próximos da nossa única fronteira terrestre – quase sempre apelidados de interior – e aí fixar jovens que, de outra forma, se continuarão a concentrar nos grandes centros urbanos ou, por falta de opção, a abandonar o país."

A questão da habitação merece destaque na moção do eurodeputado: "O caminho para a emancipação nunca ficará completo até que os jovens portugueses consigam ter habitação própria, seja como proprietários ou arrendatários, a preços acessíveis. A habitação é hoje um tema prioritário a nível nacional e o custo social do problema não pode ser ignorado: alunos que não conseguem estudar na sua universidade de preferência, jovens presos em casa dos pais, famílias que hesitam em concretizar o seu sonho de ter um filho (ou mais)."

Deste forma, o que se impõe é "repensar o papel do Estado nesta matéria": "A habitação pública pode e deve responder às situações de maior emergência social, mas há também que colocar o Estado Social ao serviço de todas as famílias, construindo habitação pública acessível para as classes médias."

Bruno Gonçalves, eleito eurodeputado pelo PS nas últimas eleições, é também secretário-geral da União Internacional da Juventude Socialista. É o segundo candidato a avançar para a liderança da organização de juventude do PS, depois de Sofia Pereira, que integra a direção nacional da organização e dirige a distrital de Viseu.

O último líder da JS a ser eleito com confronto de candidaturas foi Pedro Nuno Santos - atual líder do partido -, contra João Tiago Henriques, em 2006. Depois disso, só existiram candidaturas únicas sempre apresentadas numa lógica de continuidade face à anterior liderança: Duarte Cordeiro (2008-2010), Pedro Delgado Alves (2010-2012), João Torres (2012-2016), Ivan Gonçalves (2016-2018), Maria Begonha (2018-2020) e Miguel Costa Matos (2020-tempo presente).