Depois de várias reuniões europeias ao mais alto nível em que Portugal não esteve presente - sobre a guerra na Ucrânia e o novo posicionamento dos Estados Unidos -, o Estado-Maior General das Forças Armadas recusou confirmar a participação do general Nunes da Fonseca numa reunião com o Presidente francês, Emmanuel Macron, esta terça-feira, em Paris, que juntou 34 chefes militares máximos de países da União Europeia, da NATO e do Pacífico - sem a presença dos Estados Unidos. O Expresso confirmou a presença do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) junto de fontes governamentais, uma vez que a porta-voz do CEMGFA tenente-coronel Susana Pinto apenas respondeu: “Relativamente a este tema, não tenho informação para transmitir e é expectável que não venha a ter a curto prazo.”.

No contexto das negociações dos Estados Unidos com a Rússia em Jeddah, Arábia Saudita, para um cessar-fogo de um mês na Ucrânia, Emmanuel Macron quis garantir que a Europa estava pronta para dar uma resposta rápida para enviar tropas para o terreno, através de um “plano credível com garantias de segurança” para a Ucrânia, fez saber a Presidência francesa, citada pela imprensa internacional.

Há uma semana, quando ainda estava em efetividade de funções - o Governo entrou em gestão com o chumbo da moção de confiança esta terça-feira -, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu a participação de Portugal numa força multinacional de paz na Ucrânia: "Se houver um processo de paz com o envolvimento da Europa e, numa segunda fase, para assegurar as garantias de segurança, se for necessário que haja tropas no terreno e que os parceiros europeus as constituam, Portugal estará naturalmente disponível, como tem estado noutros teatros de operações, do lado daqueles que garantem a paz", disse aos jornalistas após um Conselho Europeu, em Bruxelas.

A reunião em Paris juntou países da União Europeia e membros da NATO que não fazem parte da UE, como o Reino Unido ou a Turquia e ainda Austrália, Nova Zelândia e o Japão.

Segundo informações do Palácio do Eliseu citadas pela imprensa francesa, Macron disse aos chefes militares que “face à aceleração das negociações de paz”, é preciso “passar dos conceitos a um plano para definir garantias de segurança credíveis, de modo a ser possível encontrar uma paz sólida e durável na Ucrânia”.

Esta semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen anunciou um plano para mobilizar cerca de 800 mil milhões de euros para a Europa gastar em Defesa e ajudar a providenciar apoio militar “imediato” à Ucrânia.

A falar de uma política que costuma ser consenso no bloco central, Luís Montenegro também disse a semana passada, no fim do mesmo Conselho Europeu, estar interessado no mecanismo, sem se comprometer com novos gastos exponenciais em Defesa: "Portugal deve aproveitar a oportunidade de poder ter empréstimos e um mecanismo de flexibilidade de utilização, sem colocar em causa a sua trajetória [na redução do défice], ou seja, de garantir financiamento em boa condição e, ao mesmo tempo, de poder continuar a mostrar um resultado financeiro que o coloca neste momento num dos melhores desempenhos à escala europeia." Será certamente tema na campanha para as legislativas.