
Em declarações ao Sudan Tribune, o presidente da organização não-governamental (ONG), Al Sadiq Ali Hassan, lamentou a dificuldade em manter uma contagem das vítimas do conflito.
O número real de desaparecidos deverá ser muito superior ao reportado, avisou Hassan, lembrando que é difícil aceder a áreas controladas pelas forças do RSF, para além dos cortes nas comunicações.
Em novembro de 2024, o Grupo de Investigação do Sudão da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres estimou 60.000 mortes só em Cartum.
Nas últimas semanas, o exército do Sudão tem progredido em várias frentes, incluindo na capital Cartum, onde já recuperou o controlo do palácio presidencial.
O líder das forças paramilitares sudanesas, as Forças de Apoio Rápido (RSF), Mohamed Hamdane Daglo, admitiu hoje que as suas tropas perderam o controlo da capital.
"Confirmo-vos que, efetivamente, saímos de Cartum, mas [...] regressaremos com uma determinação mais forte", afirmou Daglo, num discurso dirigido às tropas e transmitido nas redes sociais.
A guerra dividiu o país, o terceiro maior de África, em dois: o exército controla o norte e o leste, enquanto as RSF dominam uma parte do sul e a quase totalidade da vasta região do Darfur, a oeste, na fronteira com o Chade.
Tanto as RSF como o exército foram acusados de atrocidades e os seus dirigentes estão sujeitos a sanções americanas. Em janeiro de 2025, Washington acusou formalmente as RSF de "genocídio".
Durante a frágil transição política que se seguiu à queda do presidente Omar al-Bashir, em 2019, os generais Burhane e Daglo forjaram uma aliança de conveniência para expulsar figuras civis do Governo, antes que uma forte luta pelo poder os colocasse um contra o outro e terminasse em guerra aberta.
PE (ATR) // ROC
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