O vice-presidente do principal órgão militar chinês, Zhang Youxia, disse ao ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que as relações bilaterais atingiram "o nível mais elevado da História" e que Pequim quer "continuar a trabalhar" com Moscovo.
O ministro russo está na China para o segundo dia da sua visita oficial, sendo a guerra na Ucrânia um dos principais temas da agenda. A visita surge uma semana antes de o Presidente chinês, Xi Jinping, se deslocar à Rússia para participar na cimeira dos BRICS.
Zhang, vice-presidente da Comissão Militar Central, sublinhou que o desenvolvimento da relação ocorreu sob a "liderança estratégica" de Xi e do seu homólogo russo, Vladimir Putin. As relações "continuam a evoluir de forma saudável e estável", afirmou o responsável, segundo um comunicado do ministério da Defesa chinês.
O general manifestou a disponibilidade da China para continuar a trabalhar com a Rússia, considerando o 75.º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países como um "novo ponto de partida" para consolidar e desenvolver continuamente uma "amizade de boa vizinhança a longo prazo", bem como uma "elevada confiança estratégica" e uma "cooperação mutuamente benéfica".
Durante a reunião, Zhang sublinhou a importância de implementar o consenso alcançado pelos dois líderes, através dos intercâmbios de alto nível e aprofundamento das relações militares, para "defender a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento de ambos os países".
Belousov elogiou a "amizade histórica" entre a Rússia e a China e manifestou disponibilidade para reforçar a cooperação e aproveitar as oportunidades para expandir a parceria estratégica em vários domínios. Os dois líderes concordaram com a necessidade de continuar a reforçar a parceria estratégica, centrada na defesa, na segurança e na estabilidade regional.
Em setembro passado, Pequim e Moscovo realizaram uma série de exercícios navais conjuntos no Mar do Japão, que, segundo os analistas, refletem a estreita cooperação militar entre os dois países, que atingiu novos níveis nos últimos anos.
Os exercícios juntam-se a uma série de iniciativas estratégicas que sublinham o aprofundamento das relações de defesa entre as duas nações, numa altura em que as tensões com o Ocidente continuam a aumentar.
A visita surge no meio de acusações ocidentais de que a China está a apoiar com armas a campanha militar russa na Ucrânia, o que Pequim tem negado repetidamente.
A viagem de Belousov a Pequim ocorre dias depois de uma reunião entre Putin e o Presidente iraniano, Masud Pezeshkian, na qual os dois líderes criticaram duramente Israel e reafirmaram a sua parceria estratégica num período de tensões no Médio Oriente.
Os dois países reforçaram ainda a cooperação em domínios sensíveis, como a esfera técnico-militar, numa altura em que as relações com o Ocidente continuam a deteriorar-se.