Centenas de milhares de pessoas juntam-se, esta terça-feira, ao Papa Francisco na celebração de uma missa em Tasi Tolu, a 10 quilómetros de Díli, em Timor-Leste. Francisco, de 87 anos, está a realizar a sua 45.ª viagem apostólica, que iniciou na Indonésia e incluiu a Papua Nova Guiné, de onde voou para Timor-Leste.

De acordo com fontes da polícia, foram mobilizados 4 mil efetivos para pontos de controlo ao longo da estrada, sobretudo junto ao mar, entre o aeroporto internacional Nicolau Lobato e Tasi Tolu. Estão também no local, pelo menos, 18 ambulâncias dos Serviços de Emergência Médica e da Cruz Vermelha.

Gregorio Borgia

A cerimónia em Tasi Tolu vai ser o ponto alto da visita do chefe da Igreja Católica. No recinto, destaca-se o altar em que João Paulo II celebrou missa em 1989 para 100 mil pessoas durante a ocupação indonésia.

No local, foi decretada a restauração da independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002.

As 14:00, hora local, 06:00 em Lisboa, registavam-se 28º centígrados numa zona com poucas sombras.

ALESSANDRO DI MEO

Na agenda do segundo dia, Francisco tem encontro marcado com outros membros da Igreja na Catedral da Imaculada Conceição.

Antes de celebrar a missa, o Papa foi visitar crianças com deficiência, no centro Irmãs Alma.

Guglielmo Mangiapane/Reuters

O Papa, de 87 anos, está a realizar a sua 45.ª viagem apostólica, que iniciou na Indonésia e incluiu a Papua Nova Guiné, de onde voou para Timor-Leste. Singapura será a última etapa da viagem, para onde Francisco viaja na quarta-feira.

Liberdade separa missas de Francisco e João Paulo II

O Papa Francisco vai celebrar uma missa em Tasi Tolu, n o mesmo local onde o João Paulo II esteve há 35 anos.

“Em 1989, era uma noutra situação. Uma situação de opressão, de intimidação, de violência”, recordou o vigário para as questões pastorais na arquidiocese metropolitana de Díli, padre Jovito Rego de Jesus Araújo.

O sacerdote timorense, de 61 anos, uma das figuras da Igreja Católica com um papel relevante na resistência, aludia ao tempo em que Timor-Leste estava sob ocupação da Indonésia, entre o final de 1975 e 1999.

O então Papa João Paulo II esteve na Indonésia e deslocou-se a Díli em 12 de outubro de 1989 para uma breve visita marcada por uma ação de protesto de jovens do colégio de Fatumaca, de Baucau.

Rapidamente reprimida pelas forças de segurança indonésias, o protesto constituiu mais uma das ações de visibilidade da resistência timorense à integração da antiga colónia portuguesa na Indonésia.

A propósito da morte de João Paulo II, em 2005, o atual Presidente timorense, José Ramos-Horta, na altura ministro dos Negócios Estrangeiros, considerou que o Papa “recolocou, em 1989, Timor-Leste no mapa do mundo e na agenda internacional”.

Quase 35 anos depois, os timorenses vivem livres num país independente.

“Agora, estamos numa euforia de liberdade, todo o povo vem [à rua ver o Papa] com toda a liberdade, apesar de restrições por causa da segurança”, afirmou.

Francisco defende “impulso na evangelização” contra “tudo o que humilha”

O Papa Francisco disse que Timor-Leste precisa de renovar o “impulso na evangelização” contra tudo o que “humilha” e “destrói a vida humana”, incluindo a violência e a “falta de respeito pela dignidade das mulheres”.

O Papa, que iniciou na segunda-feira uma visita de três dias à capital timorense, discursava na Catedral da Imaculada Conceição, num encontro com bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e catequistas.

“Também o vosso país, radicado numa longa história cristã, precisa hoje de um renovado impulso na evangelização para que chegue a todos o perfume do evangelho: um perfume de reconciliação e de paz depois dos sofridos anos de guerra”, afirmou Francisco.

O Papa referia-se ao Evangelho de João e à história de quando Maria ungiu os pés de Jesus, com perfume de nardo puro, e depois os limpou com os cabelos, espalhando o perfume por toda a casa.

Segundo Francisco, em Timor-Leste o “perfume do evangelho” deve também ajudar os “pobres a reerguerem-se” e suscitar o “empenho de levantar os destinos económicos e sociais do país” e um “perfume de justiça contra a corrupção”, que não pode entrar na comunidade, nas paróquias, salientou.