O setor automóvel europeu está a sentir grandes dificuldades com a redução da procura, nomeadamente de veículos elétricos, o que levou a Associação dos Construtores Europeus de Automóveis (ACEA), a solicitar a Bruxelas que “apresente medidas urgentes antes da entrada em vigor das novas normas CO2 para automóveis e vans em 2025”.

Graças à expansão dos veículos elétricos e à melhoria dos motores de combustão, os construtores automóveis têm cumprido até agora a norma CAFE (Corporate Average Fuel Economy), que os obriga a respeitar uma média anual de emissões por carro vendido, sob pena de pesadas multas.

No entanto, em comunicado hoje divulgado pela ACEA, a associação presidida por Luca de Meo, CEO da Renault, considera que não pode cumprir o novo regulamento de emissões e que os dados divulgados esta quinta-feira, da venda de veículos elétricos na União Europeia confirmam mais uma vez que o mercado de carros 100% elétricos está numa trajetória descendente contínua.

“Estamos a desempenhar o nosso papel na transição” através da eletrificação dos veículos, mas “faltam-nos as condições essenciais para estimular a produção e a adoção de veículos com emissões zero: infraestruturas de recarga e distribuição de hidrogénio, bem como um ambiente de produção competitivo, energia verde acessível, incentivos fiscais e subsídios à compra, e um fornecimento seguro de matérias-primas, hidrogénio e baterias”, adianta o comunicado da ACEA.

A associação lembra ainda que as “regras atuais não levam em conta a profunda mudança no clima geopolítico e económico dos últimos anos, e a incapacidade inerente da lei de se ajustar aos desenvolvimentos do mundo real corrói ainda mais a competitividade do setor”.

A ACEA defende por isso que Bruxelas precisa urgentemente de adotar medias para evitar males maiores para o setor automóvel. “A indústria não pode esperar pela revisão dos regulamentos de CO2 em 2026 e 2027. Precisamos de uma ação urgente e significativa agora para reverter a tendência de queda, restaurar a competitividade da indústria da UE e reduzir vulnerabilidades estratégicas. Para veículos pesados, uma revisão antecipada também será absolutamente crítica para garantir que condições vitais, como infraestrutura para pesados de carga e de passageiros”.

Para que encontrar uma solução para as dificuldades do setor a ACEA diz estar disponível para trabalhar com Bruxelas “para discutir um pacote de alívio de curto prazo para as metas de CO2 de 2025, bem como uma revisão rápida e abrangente dos regulamentos de CO2 para ligeiros e pesados s, além de legislação secundária direcionada, para colocar a transição para zero emissões no caminho certo e garantir o futuro industrial da Europa”, conclui o comunicado.