A Coreia do Norte disparou esta segunda-feira "vários mísseis balísticos não identificados", anunciou o exército sul-coreano, no dia em que a Seul e Washington iniciaram os exercícios militares anuais "Freedom Shield".

"Os nossos militares detetaram vários mísseis balísticos não identificados disparados da província de Hwanghae em direção ao mar Ocidental por volta das 13h50 [04h50 em Lisboa]", declarou o Estado-Maior, utilizando a designação coreana para o mar Amarelo.

Os lançamentos foram efetuados horas depois de as forças armadas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos terem iniciado exercícios militares anuais, que decorrem até 20 de março e que a Coreia do Norte considera um ensaio para uma invasão do país.

Numa declaração, o Governo norte-coreano classificou as manobras com um "ato de provocação perigoso" que aumenta os riscos de um conflito militar.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos iniciaram hoje os exercícios, mas interromperam o treino de fogo real enquanto Seul investiga o bombardeamento por engano de uma área civil durante um exercício na semana passada.

Cerca de 30 pessoas ficaram feridas, duas das quais com gravidade, quando dois caças sul-coreanos KF-16 dispararam por engano oito bombas MK-82 contra uma zona civil em Pocheon, cidade perto da fronteira com a Coreia do Norte.

Numa apresentação aos jornalistas sul-coreanos, a força aérea do país confirmou hoje a avaliação inicial de que um dos pilotos do KF-16 tinha introduzido as coordenadas erradas para o local de bombardeamento.

O piloto, que não foi identificado, não reconheceu o erro durante uma verificação antes de levantar voo e, apressando-se a cumprir o horário previsto, não conseguiu verificar visualmente o alvo antes de prosseguir com o bombardeamento.

O segundo piloto tinha as coordenadas corretas, mas concentrou-se apenas em manter a formação com os outros aviões, lançando as bombas e seguindo as instruções do primeiro piloto, de acordo com a apresentação feita aos jornalistas e à qual a agência de notícias norte-americana Associated Press teve acesso.

O chefe do Estado-Maior da Força Aérea da Coreia do Sul, general Lee Youngsu, pediu hoje desculpa pelos feridos e danos materiais causados pelo incidente, que "nunca deveria ter acontecido e não deve voltar a acontecer".

As autoridades militares afirmaram que os treinos de fogo real vão ser retomados depois de concluída a investigação em curso.

O Freedom Shield marca o primeiro exercício conjunto em grande escala desde que o Presidente dos EUA, Donald Trump, iniciou o segundo mandato. O exercício surge no meio de tensões crescentes com a Coreia do Norte devido às ambições nucleares do país e ao alinhamento com a Rússia na invasão da Ucrânia.