O Grupo Volkswagen está a enfrentar uma crise financeira na Europa que pode resultar no fecho de várias fábricas na Alemanha, mas o seu conselho de trabalhadores está a lutar para prevenir despedimentos em massa e encerramentos. Daniela Cavallo, a líder do conselho de trabalhadores, propôs cortes salariais abrangentes e a suspensão de bónus como solução, afetando tanto os trabalhadores manuais como os trabalhadores administrativos—incluindo executivos e membros do conselho.
Um Plano Ousado para Evitar o Fecho de Fábricas
Cavallo apresentou a proposta durante uma conferência de imprensa antes de negociações críticas com a gestão da VW. Os cortes sugeridos visam reduzir significativamente os custos laborais, que atualmente representam 15,4% das receitas da VW na Alemanha, muito acima de concorrentes como a Stellantis, BMW e Mercedes-Benz, cujos custos laborais variam entre 9,5% e 11%.
Os custos laborais na Volkswagen estão entre os mais altos da indústria automóvel alemã, com os trabalhadores a ganhar uma média de 66 dólares por hora. Apesar disso, Cavallo argumentou que as despesas laborais representam apenas uma fração dos 18 mil milhões de dólares em poupanças que a gestão da VW procura alcançar. Ao focar nos salários e bónus, o conselho de trabalhadores acredita que a empresa pode evitar medidas drásticas como o encerramento de fábricas.
Fábricas em Risco de Fecho
A pressão financeira está a ameaçar o futuro de três das seis fábricas da VW na Alemanha, incluindo:
- A Fábrica Transparente em Dresden: Actualmente a produzir o carro eléctrico ID.3, a instalação é relativamente pequena e vista como dispensável.
- Fábrica de Osnabrück: Produzindo os gémeos Porsche 718 e o Volkswagen T-Roc Cabriolet, o conversível mais popular da Europa. Com os modelos 718 previstos para substituições eléctricas, o futuro de Osnabrück é incerto.
- Uma Terceira Instalação Não Nomeada: Relatórios sugerem que outra fábrica também pode enfrentar o encerramento, embora os detalhes permaneçam vagos.
Se os encerramentos avançarem, isso representaria um golpe significativo na base de produção doméstica da Volkswagen e na sua força de trabalho.
A Queda dos Lucros da VW Aumenta a Pressão
A crise surge enquanto a Volkswagen enfrenta uma queda nos lucros em todas as suas marcas. O conselho de trabalhadores destacou perdas que totalizam 5,8 mil milhões de dólares nas subsidiárias do Grupo VW, como Porsche, Audi e VW Financial Services, durante os primeiros três trimestres de 2024. Esta pressão financeira intensificou a necessidade de medidas drásticas de contenção de custos.
Custos Laborais Sob o Microscópio
A defesa do conselho de trabalhadores em relação aos custos laborais aponta para os desafios competitivos da Volkswagen no mercado de veículos elétricos (VE), onde a rentabilidade continua a ser evasiva. A gestão da VW está a pressionar por uma transformação rápida à medida que a indústria se desloca para os VE, mas os altos custos laborais e os lucros em atraso ameaçam desviar os seus planos.
O Que Vem a Seguir para a Volkswagen?
Os cortes salariais propostos e as suspensões de bónus poderiam dar à Volkswagen tempo para estabilizar as suas finanças sem recorrer ao encerramento de fábricas. No entanto, continua incerto se a gestão aceitará estas medidas ou pressionará por ações mais agressivas.
Por agora, todos os olhares estão voltados para as negociações entre o conselho de trabalhadores e a liderança da VW. O resultado determinará se a Volkswagen conseguirá evitar uma reestruturação massiva a nível doméstico ou enfrentar uma dolorosa redução das suas operações na Alemanha. À medida que o segundo maior fabricante de automóveis do mundo enfrenta desafios sem precedentes, a sua capacidade de navegar nesta crise terá implicações de longo alcance para a sua força de trabalho, a sua marca e a indústria automóvel em geral.