A culpa não faz parte do ‘lote’ das chamadas emoções primárias, aquelas que nascem connosco, como o medo, a tristeza ou a raiva. É socialmente aprendida e influenciada por fatores culturais, podendo ser bastante dolorosa e ter um impacto muito negativo na saúde mental.
A psicanalista Patrícia Câmara, da direção da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, e João Moreira, professor e investigador na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, foram os dois convidados deste episódio para explicar melhor que emoção é esta, que relação tem com o trauma e de que forma pode desencadear ou agravar quadros de ansiedade e depressão.
“A culpa é uma tomada de consciência de que existe um outro que não sou eu e que posso lesionar com os meus comportamentos. Isso acaba por ser um balizador ético, social, mas é preciso ter muito cuidado, porque rapidamente se transforma num chicote interno que facilmente pode levar-nos a caminhos de submissão", diz Patrícia Câmara.
Mas a culpa também pode ter um lado positivo. “A investigação tem mostrado, talvez de uma forma um pouco surpreendente, que a culpa tem mais efeitos positivos do que negativos. As pessoas que, no seu dia a dia, mais frequentemente têm sentimentos de culpa são mais cumpridoras, mais conscienciosas, mais respeitadoras dos outros", afirma João Moreira, que já conduziu estudos sobre emoções como a culpa e a vergonha.
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