A população afetada pelos incêndios da última semana começa agora a fazer contas aos prejuízos causados pelas chamas, sobretudo nas regiões Norte e Centro do país. Os fogos deixaram um rastro de destruição, com casas, empresas e culturas completamente destruídas, animais mortos e uma grande mancha florestal ardida.

Além dos danos materiais, os incêndios fizeram ainda sete mortos e 177 feridos. A ANEPC contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.

De acordo com o sistema europeu Copernicus, a área ardida em Portugal continental desde domingo passado ultrapassa os 124 mil hectares. Nas regiões Norte e Centro, arderam mais de 116 mil hectares, 93% da área ardida em todo o território nacional.

“O trabalho de tantos meses e a luta de uma pessoa… foi por água a baixo”

A aldeia de Mouquim, em Albergaria-a-Velha, foi uma das atingidas pelas chamas e os prejuízos são grandes. A SIC Notícias falou com João, o dono de uma empresa de venda de lenha que viu o seu sustento arder.

No dia em que o fogo chegou ao armazém, estavam armazenadas cerca de 500 toneladas de madeira, que seria vendida. Agora, o que se vê são cinzas. O armazém ardeu por completo e não sobrou nada.

“Foi uma tragédia”, contou João. “Ainda conseguimos segurar o fogo durante uma hora, mas quando entrou no pavilhão foi a desgraça total. Ardeu tudo. O trabalho de tantos meses e a luta de uma pessoa… foi por água a baixo.”

Freguesia de Aguiar de Sousa vai começar a contactar a população

Na localidade de Aguiar de Sousa, no concelho de Paredes, os prejuízos só vão começar a ser contados este sábado à tarde, uma vez que a freguesia esteve sem comunicações até sexta-feira.

Além das produções agrícolas destruídas, o fogo deixou ainda uma grande mancha florestal ardida.

Produtores perdem vinhas em plena época de vindima

Em Penalva do Castelo, vários produtores perderam as vinhas em plena época de vindima, que para muitos começou na segunda-feira, dia em que deflagrou o incêndio no concelho.

Hugo Pinheiro, produtor de vinho biológico, viu 85% da sua vinha arder: “Foi muito rápido”.

“O fogo percorreu pouco mais de um quilómetro em menos de 10 minutos, o vento era tanto. Nada parava o incêndio.”

ANAFRE cria rede para agilizar solidariedade entre freguesias

No rescaldo dos incêndios, a Associação Nacional de Freguesias criou uma Rede Solidária de Autarcas, que vai permitir identificar as necessidades de uma determinada freguesia e saber que autarquias podem prestar essa ajuda. A explicação foi dada pelo presidente da associação, Jorge Veloso, à SIC Notícias.