"Precisamos de sensibilizar mais e de informar mais, isso é um facto. Muitas vezes fazem-se campanhas de sensibilização, mas não se informa exatamente o que significa ser família de acolhimento e às vezes o desconhecimento afasta as pessoas daquilo que é muito positivo", disse Clara Marques Mendes durante a apresentação da campanha nacional pelo acolhimento familiar.
Os dados mais recentes divulgados pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), atualizados ao dia 18 de novembro, dão conta da existência de 388 famílias inscritas na bolsa de acolhimento, enquanto há 356 crianças neste regime.
A secretária de Estado admitiu que o ministério tem a "noção de que há poucas famílias de acolhimento" e que se isso acontece "alguma coisa tem de ser feita", apontando que, paralelamente à campanha, há um grupo de trabalho que "está a rever um conjunto de matérias que dizem respeito às crianças".
O grupo de trabalho deverá apresentar resultados depois de 30 de novembro e segundo a governante não está apenas em causa o regime do acolhimento familiar, mas todo o "conjunto de medidas que se aplicam às crianças e jovens".
"Desde logo no sentido de simplificar com total cuidado, simplificar e desburocratizar", apontou Clara Marques Mendes.
"Tendo nós essa consciência que há mais de seis mil crianças institucionalizadas, tendo nós consciência que não deve ser este o caminho, está na altura de rever e melhorar", acrescentou.
De acordo com a secretária de Estado, a campanha começa hoje e vai durar um ano, estando previsto vários tipos de eventos, intervenções e informações, tanto nas redes sociais, como na comunicação social.
Na sua intervenção inicial, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social salientou que, pela primeira vez, todas as entidades gestoras da medida de acolhimento familiar juntam-se numa mesma campanha de sensibilização e divulgação, entre o Instituto da Segurança Social (ISS), a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a Casa Pia de Lisboa.
"O que pretendemos desta vez é que (...) com a junção de esforços se possa dar uma divulgação maior a este projeto, uma dimensão nacional", defendeu Maria do Rosário Palma Ramalho, salientando que o objetivo é ter cada vez mais famílias de acolhimento.
Na visão da ministra, "a situação só não é tão dramática" porque "quase 90% do acolhimento é feito em contexto familiar", com apoio junto aos pais ou colocando-as com outro familiar.
Relembrou também que o governo se prepara para "revisitar o regime jurídico do acolhimento familiar" para ver se há necessidade ou não de fazer alterações e "tornar mais atrativo ser família de acolhimento".
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