O partido no poder na Geórgia venceu as eleições parlamentares, adiantou a comissão eleitoral do país na manhã deste domingo. O resultado é considerado um duro revés para a aspiração de longa data do país para a adesão à União Europeia.
A oposição da Geórgia não admitiu a derrota, acusando o partido no poder de um “golpe constitucional” e prometendo anunciar protestos, preparando o terreno para uma potencial crise política que poderá polarizar ainda mais o país do Cáucaso.
A comissão eleitoral afirma que o partido no poder, o Georgian Dream (GD) - Sonho Georgiano -, obteve 54% dos votos, com mais de 99% dos distritos eleitorais contados. Na prática, aquele resultado frustra as esperanças da oposição de conseguir uma coligação pró-ocidental de quatro blocos para integração na UE.
Os eleitores do país de quase quatro milhões de habitantes foram às urnas no sábado. Tratava-se de uma eleição decisiva para definir se o partido cada vez mais autoritário GD, que está no poder desde 2012 e conduziu o país para um rumo conservador afastado do Ocidente e mais perto de Moscovo, garantiria mais um mandato de quatro anos.
Bidzina Ivanishvili, o multimilionário fundador do GD, reivindicou a vitória logo após o encerramento das urnas, naquela que foi considerada por vários analistas ccomo a eleição mais importante desde a independência da União Soviética, em 1991. “É raro no mundo que o mesmo partido alcance tanto sucesso numa situação tão difícil”, declarou Ivanishvili.
Numa conferência de imprensa no sábado à noite, os líderes da coligação da oposição caracterizaram os resultados eleitorais como “golpe constitucional”.
“A vitória foi roubada ao povo georgiano, não aceitamos os resultados destas eleições falsificadas”, disse Tinatin Bokuchava, líder do maior partido da oposição, o Movimento Nacional Unido (UNM).
Um grupo de 2000 observadores eleitorais, designado por “My Vote”, disse não acreditar que os resultados preliminares “reflitam a vontade dos cidadãos georgianos”. De acordo com o jornal “The Guardian”, têm sido publicados vários vídeos online que mostram o momento do preenchimento do boletim de voto e a alegada intimidação dos eleitores em vários locais em toda a Geórgia.
Nas últimas três décadas, a Geórgia tem mantido fortes aspirações pró-ocidentais, com as sondagens a mostrarem que até 80% da sua população é favorável à adesão à UE. O GD no poder enfrentava uma união sem precedentes de quatro forças de oposição pró-ocidentais que tinham prometido formar um governo de coligação para o destituir do poder e colocar a Geórgia novamente no caminho da adesão à UE.
A maior força da oposição é o UNM, de centro-direita, um partido fundado por Mikheil Saakashvili, o antigo Presidente que se encontra na prisão, devido a acusações de abuso de poder, que os seus aliados dizem ter motivações políticas.
Os números sugerem que a afluência às urnas foi a mais elevada desde que o partido no poder, Sonho Georgiano, foi eleito pela primeira vez, em 2012.