
"Mais de uma centena" de professores que se encontram colocados em escolas da Madeira vão pedir a transferência para o continente no âmbito do concurso que está a decorrer e cujo prazo de candidaturas termina amanhã. O número final de candidaturas deverá ser "igual ou superior" ao concurso do ano passado, que resultou na colocação de 151 docentes para o continente. Mesmo que nem todas as candidaturas venham a traduzir-se em transferências, o cenário de "grande número de professores que estão a concorrer para o continente" suscita "grande preocupação" ao Sindicato dos Professores da Madeira. Isso mesmo admitiu, esta tarde, o seu presidente, Francisco Oliveira, que alerta que no nosso arquipélago "há escolas que se confrontam muito com a falta de professores e de educadores".
O dirigente sindical deu dois exemplos de estabelecimentos de ensino desfalcados: no infantário 'Girassol', integrado na escola da Nazaré, há risco de fecho de salas por falta de profissionais docentes e não docentes, e há salas a funcionar apenas com um profissional, quando deviam ter três; e na Escola Horácio Bento Gouveia houve vários docentes que se aposentaram e que não foram substituídos, sendo as respectivas turmas distribuídas por professores que já tinham os seus horários completos. Há lacunas em quase todos os grupos de disciplinas e, ainda que a Secretaria de Educação queira, não há professores para recrutar no mercado de emprego, com excepção da área da Educação Física.
Face a este cenário, o SPM considera ser "urgentíssimo" o próximo Governo Regional "concretizar medidas que permitam fixar professores" na Região. E avança duas propostas. Por exemplo, pode optar pela vinculação imediata, através de concurso extraordinário, dos "mais de 400" professores contratados e que estão a trabalhar. Além disso, aos detentores de licenciatura na via científica deve ser dada a possibilidade de fazerem a formação de mestrado na via ensino, através de uma formação a ser acertada entre a Secretaria de Educação e a Universidade da Madeira.
"Não podemos ficar indiferentes a esta procura de transferência para o continente, porque a Madeira, para o ano, poderá correr o risco de ter várias escolas que, por mais esforços que façam, não vai conseguir disfarçar esta situação e haverá crianças e jovens sem professores e sem educadores", disse Francisco Oliveira.
Entretanto, o Sindicato dos Professores da Madeira aguarda a posse do novo governo para pedir uma audiência ao secretário da Educação para abordar este problema.