Os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia alertaram, nesta quinta-feira, em vésperas da tomada de posse de Donald Trump, que os EUA "são mais fortes" com a Europa "num mundo difícil", prometendo defender valores democráticos e os cidadãos europeus.

"Para a UE, é essencial proteger e reforçar os direitos e valores democráticos fundamentais, fazer com que a nossa economia seja mais competitiva e sustentável, e expandir a nossa rede global de parcerias, e investir mais na nossa segurança", escreveram António Costa e Ursula von der Leyen, respetivamente líderes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, na rede social X, num contexto de declarações polémicas feitas por Donald Trump em relação a Bruxelas e alguns Estados-membros.

Trump, que em 20 de janeiro regressa à Casa Branca depois de um interregno de quatro anos, tem ameaçado com a imposição de tarifas às exportações europeias, a par de críticas à Aliança Atlântica e mais recentemente alusões a ocupar a Gronelândia, um território que pertence à Dinamarca, país-membro da UE e da NATO.

Os Estados Unidos da América e 23 dos 27 Estados-membros da UE também pertencem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

No comunicado, Costa e von der Leyen, tomam uma posição conjunta assumindo que "a UE vai proteger sempre os seus cidadãos e a integridade das democracias e liberdades" dos países-membros.

Esperado "diálogo positivo"

Na posição divulgada no X e noutras redes sociais, Costa e von der Leyen acrescentaram que esperam um "diálogo positivo" com a administração do republicano, baseado em "valores e interesses comuns".

"Num mundo difícil, a Europa e os Estados Unidos da América são mais fortes juntos", alertaram os líderes europeus, reconhecendo que Washington é um dos "parceiros mais próximos" da UE e que é necessário "fortalecer os laços transatlânticos".

Também o chanceler alemão, Olaf Scholz, comentou na quarta-feira as últimas declarações do Presidente eleito dos Estados Unidos sobre uma hipotética anexação da Gronelândia.

Olaf Scholz reconheceu que conversou com líderes de outros países europeus e que a generalidade disse haver uma "falta de compreensão" sobre as declarações de Trump.

O chanceler alemão saiu em defesa da NATO, enaltecendo a importância acrescida do bloco transatlântico neste momento e disse que os Estados-membros estão a trabalhar para aumentar o investimento em defesa - referindo-se à sugestão de Trump de que os 2% do Produto Interno Bruto em defesa deviam passar para 5%.

Em simultâneo, o empresário norte-americano Elon Musk, um dos principais aliados de Trump e que deverá encabeçar uma agência do governo na próxima administração, está a importunar os líderes europeus, pela sua interferência nos debates políticos nacionais na UE.

O empresário que encabeça a Tesla e que é detentor da rede social X, amplamente utilizada por Ursula von der Leyen, está a ser criticado por apoiar movimentos e partidos de extrema-direita europeus, incluindo o alemão AfD, em vésperas de decisivas eleições na Alemanha.

- Com Lusa