Começou esta quinta-feira o julgamento do antigo autarca de Gaia, Luís Filipe Menezes, acusado de difamar o atual presidente da Câmara nas redes sociais. O ex-autarca reafirmou que Eduardo Vítor Rodrigues cometeu os crimes por si denunciados em 2023.

À porta do tribunal, Luís Filipe Menezes explicou que aquilo que escreveu no Facebook teve como objetivo "denunciar crimes graves de alguém que já nem devia estar aqui".

O antigo presidente da Câmara assegurou que tudo o que diz "é verdade e vai-se provar".

"Será mais um crime dos muitos que o senhor Eduardo Vítor Rodrigues é arguido", acusa.

Durante o seu depoimento Menezes assumiu que quando escreveu a publicação estava zangado, mas mesmo que não o estivesse a escreveria na mesma porque um cidadão de direito "não pode nem deve estar sujeito a isto", referindo-se a todo o processo que envolveu o licenciamento do seu terreno onde pretendia construir uma casa que acabou por não construir.

"Isto é bandidagem, não tenho outro termo, e é o que acho", atirou.

Além disso, Menezes vincou que em 20 anos de medicina, 30 de cargos políticos e 10 de atividade empresarial nunca foi arguido, acusado ou condenado, ao contrário do atual líder do executivo municipal.

"Nunca tive vereadores, nem diretores arguidos, já esta câmara tem paletes de arguidos em funções", referiu.

À entrada do tribunal, Eduardo Vítor Rodrigues diz que espera que se faça justiça.

Luís Filipe Menezes lembrou que também apresentou uma queixa-crime por difamação contra Eduardo Vítor Rodrigues, queixa essa que espera que venha "a aparecer de alguma catacumba".

Atual autarca apelida Menezes de "mentiroso"

Por seu lado, o atual presidente da Câmara de Gaia considerou, igualmente aos jornalistas, que aquilo que o seu antecessor escreveu no Facebook é de "uma violência atroz, completamente falso, lamentável, miserável e vergonhoso".

Apelidando Menezes de "mentiroso", Eduardo Vítor Rodrigues entendeu que aquilo que o ex-autarca queria aquando do licenciamento do terreno era ter um tratamento de excelência.

"Mas nós não fazemos tratamento de exceção a ex-presidentes", atirou.

Eduardo Vítor Rodrigues esclareceu que o processo em que foi condenado a perda de mandato está em fase de recurso, acrescentando que quando herdou a câmara também herdou processos e dívidas deixadas por Menezes que teve de ser ele a resolver e pagar.

A publicação que deu origem ao processo

Na origem do caso está uma publicação do antigo autarca de Gaia na rede social Facebook feita em outubro de 2023, em que Luís Filipe Menezes (PSD) acusou Eduardo Vítor Rodrigues (PS) de ter interferido num processo de licenciamento de um terreno seu.

Na publicação, Luís Filipe Menezes culpou Eduardo Vítor Rodrigues de ser o "mandante" de "criminosas cambalhotas", como a alteração de pareceres técnicos para o prejudicar, e anunciou que tinha entregado o caso às autoridades.

Com Lusa