O país prepara-se para ir novamente a votos em maio para escolher mais um Governo. Contas bem feitas somam-se quatro eleições legislativas em 5 anos e meio. O que é algo histórico, sinal destes tempos, e que nunca terá acontecido por cá num regime de democracia plena.

O que é certo é que estes ciclos governativos pífios criam cada vez mais instabilidade, insegurança e podem ter resultados muito negativos para a democracia e sua governabilidade.


Nuno Fox

Ferro Rodrigues dá conta que as pessoas estão irritadas com estas novas eleições, e que tanto o procurador-geral da República como o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa poderiam ter evitado esta crise política, e Pedro Nuno Santos também o poderia ter evitado se se tivesse abstido em vez de votar contra a moção de confiança no Governo.

O que se pode esperar da irritação das pessoas por terem de enfrentar terceiras eleições em três anos e três meses?

Mais abstenção? Mais votos de fúria e protesto? Não é nestes momentos de descrença e raiva que surgem as paixões pelos fascismos e autoritários populistas?

A conversa começa por aqui, com estas questões que lhe são colocadas.

Depois é discutida como a forma de fazer política mudou e como o tipo de discussão e de confronto no Parlamento entre forças parlamentares parece ter perdido elevação e qualidade, de eleição para eleição, num vale tudo por parte de certos deputados.


Nuno Fox

O socialista Eduardo Ferro Rodrigues que esteve seis anos sentado na cadeira atualmente ocupada por Aguiar-Branco considera que, por cobardia”, o atual presidente da Assembleia da República é co-responsável pela degradação do ambiente de calúnia no Parlamento. E dá conta que lhe escreveu uma carta a dizer-lhe isso mesmo.

Num ano de várias eleições, as sondagens apontam que os dois principais partidos do centro estão a perder força junto do eleitorado, enquanto a extrema direita se prepara para tirar partido do circo a arder. Para onde vamos neste caminho?


Nuno Fox

A Europa segue esta tendência e está tentar lidar com a política trumpista da América com a guerra comercial das taxas alfandegárias que está a provocar ondas de choque no mundo.

O economista Ferro Rodrigues afirma que apesar do momento é difícil, a Europa e o país não devem considerar esta onda de insanidade uma inevitabilidade.

Nuno Fox


Poderá ser possível um acordo de legislatura ao centro? Ferro Rodrigues responde temer que essa hipótese difícil possa vir a acontecer no futuro, numa espécie de Bloco Central. Mas que por agora não é desejável que tal aconteça.

Se prognósticos só no fim do jogo, o que é importante refletir e evitar para o país não vá de mal a pior e a saúde da democracia seja assegurada? O socialista não se furta à resposta. E depois comenta as presidenciais e como tem gerido o bichinho da política em si, depois de sair do Parlamento há 4 anos.

E, a dado momento, no final da primeira parte é surpreendido pela filha, Rita Ferro Rodrigues, que lhe deixa um áudio com duas perguntas.

Nuno Fox

Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de Nuno Fox. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.

A segunda parte desta conversa fica disponível na manhã deste sábado.