
O país prepara-se para ir novamente a votos em maio para escolher mais um Governo. Contas bem feitas somam-se quatro eleições legislativas em 5 anos e meio. O que é algo histórico, sinal destes tempos, e que nunca terá acontecido por cá num regime de democracia plena.
O que é certo é que estes ciclos governativos pífios criam cada vez mais instabilidade, insegurança e podem ter resultados muito negativos para a democracia e sua governabilidade.
Ferro Rodrigues dá conta que as pessoas estão irritadas com estas novas eleições, e que tanto o procurador-geral da República como o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa poderiam ter evitado esta crise política, e Pedro Nuno Santos também o poderia ter evitado se se tivesse abstido em vez de votar contra a moção de confiança no Governo.
O que se pode esperar da irritação das pessoas por terem de enfrentar terceiras eleições em três anos e três meses?
Mais abstenção? Mais votos de fúria e protesto? Não é nestes momentos de descrença e raiva que surgem as paixões pelos fascismos e autoritários populistas?
A conversa começa por aqui, com estas questões que lhe são colocadas.
Depois é discutida como a forma de fazer política mudou e como o tipo de discussão e de confronto no Parlamento entre forças parlamentares parece ter perdido elevação e qualidade, de eleição para eleição, num vale tudo por parte de certos deputados.
O socialista Eduardo Ferro Rodrigues que esteve seis anos sentado na cadeira atualmente ocupada por Aguiar-Branco considera que, “por cobardia”, o atual presidente da Assembleia da República é co-responsável pela degradação do ambiente de calúnia no Parlamento. E dá conta que lhe escreveu uma carta a dizer-lhe isso mesmo.
Num ano de várias eleições, as sondagens apontam que os dois principais partidos do centro estão a perder força junto do eleitorado, enquanto a extrema direita se prepara para tirar partido do circo a arder. Para onde vamos neste caminho?
A Europa segue esta tendência e está tentar lidar com a política trumpista da América com a guerra comercial das taxas alfandegárias que está a provocar ondas de choque no mundo.
O economista Ferro Rodrigues afirma que apesar do momento é difícil, a Europa e o país não devem considerar esta “onda de insanidade” uma inevitabilidade.
Poderá ser possível um acordo de legislatura ao centro? Ferro Rodrigues responde temer que essa hipótese difícil possa vir a acontecer no futuro, numa espécie de Bloco Central. Mas que por agora não é desejável que tal aconteça.
Se prognósticos só no fim do jogo, o que é importante refletir e evitar para o país não vá de mal a pior e a saúde da democracia seja assegurada? O socialista não se furta à resposta. E depois comenta as presidenciais e como tem gerido o bichinho da política em si, depois de sair do Parlamento há 4 anos.
E, a dado momento, no final da primeira parte é surpreendido pela filha, Rita Ferro Rodrigues, que lhe deixa um áudio com duas perguntas.
Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de Nuno Fox. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.
A segunda parte desta conversa fica disponível na manhã deste sábado.