
O cabeça-de lista do Juntos Pelo Povo (JPP) à Assembleia da República considera “inadmissível” que, em pleno século XXI, e, no contexto do espaço comum da União Europeia, os europeus da Madeira “tenham que suportar os custos exorbitantes da mobilidade aérea e marítima, quer para passageiros quer para a carga”. Esta posição foi assumida através de um comunicado do candidato, no âmbito das acções de pré-campanha das eleições legislativas nacionais de 18 de Maio.
Segundo a referida nota, Filipe Sousa declarou que “o valor que os madeirenses têm de adiantar ao Estado pelo bilhete de avião e a negação da linha marítima por ferry de passageiros e mercadorias é uma violação do direito social à livre circulação dos madeirenses e porto-santenses" e defendeu "uma postura muito diferente da que tem assumido o PSD para se resolver estas questões que muito têm prejudicando" a população "em benefício de interesses particulares”. “O JPP tem duas vias para solucionar este problema. Uma é através da chamada diplomacia comercial entre governos. A outra é exigir do Estado o respeito pela Constituição e pela continuidade territorial. O problema está na falta de coragem política para resolver a linha ferry e tenho a certeza de que a generalidade dos madeirenses sabe a razão do desinteresse do PSD pela ligação marítima. Mas posso assegurar que se for eleito para a Assembleia da República, irei trabalhar para sensibilizar o Parlamento e os partidos para desbloquearmos este enorme constrangimento para as pessoas e as empresas”, adiantou o candidato.
O candidato do JPP promete ainda trabalhar para garantir que os madeirenses paguem apenas os 79 euros para residentes e 59 euros para os estudantes nas viagens aéreas Madeira–Continente. “Num Estado democrático, que legisla e consagra um direito, é anacrónico que depois o Estado exija ao cidadão beneficiário desse direito que para o poder gozar tenha de ser fiador do Estado”, insurgiu-se. “Se, com temos visto, PSD e PS acham isto normal, o JPP entende que é uma afronta”, acrescentou.
O cabeça-de-lista do JPP diz que “cada viagem, cada transporte, impõe um fardo que dificulta a competitividade, o desenvolvimento económico e a redução do custo de vida, enquanto Lisboa define políticas desconectadas da realidade insular e o Estado português ignora os custos que pagamos por sermos ilhéus”. “O JPP lamenta profundamente que, dia após dia, se veja desvalorizado o princípio da continuidade territorial entre o Estado e as Regiões Autónomas”, aponta.
Filipe Sousa vê de forma crítica a actuação dos deputados eleitos pelo PSD e PS pelo círculo da Madeira. “Esses partidos estão há anos na Assembleia da República e o que verificamos é que não demonstram a firmeza necessária para defender os interesses da Região porque também se deixam enlear pelos comandos do centralismo e os interesses lisboetas”, disse.
Aos que tentam contrariar a vontade geral da população pela ligação ferry de passageiros e mercadorias, Filipe Sousa lembrou que até ao ano 2029 a CP (Comboios de Portugal) vai receber do Estado Português 849 milhões de euros. “Não vejo nenhum continental ir para a televisão dizer que isto tem de acabar. Mas infelizmente vejo na Madeira muita gente que se rebola contra o ferry, e todos sabemos porquê”, finalizou.