Um autocarro da Carris Metropolitana foi hoje ao final da tarde incendiado no bairro do Zambujal, na Amadora, distrito de Lisboa, constatou a Lusa no local. Outro autocarro, horas mais tarde, na Portela de Carnaxide também foi incendiado numa noite de protestos na sequência da morte de Odair Moniz depois de baleado por um agente da PSP.
O primeiro autocarro
Pelas 19h05, as equipas de prevenção e intervenção rápida da PSP que se encontravam na praça de São José deslocaram-se para o interior do bairro, com duas carrinhas e seis motas.
Em declarações à Lusa, uma moradora relatou que o autocarro foi mandado parar por um grupo de jovens do bairro que, depois de o motorista sair, lançou fogo à viatura.
As chamas consumiram o veículo, tendo-se também ouvido explosões e disparos.
Entretanto, a polícia montou um perímetro de segurança no acesso à zona do fogo, muito próximo de prédios de habitação e, pelas 19h25, os bombeiros já se encontravam no local a combater as chamas.
Em comunicado, a Direção Nacional da PSP indica que, depois dos distúrbios ocorridos durante a madrugada, na sequência da morte de um morador baleado pela PSP na Cova da Moura, ao final da tarde voltaram a ocorrer "situações de desordem no interior do Bairro do Zambujal", nomeadamente "um episódio grave de violência urbana", com o roubo de um autocarro da Carris que foi incendiado.
"Apesar de vários esforços, não foi possível até ao momento detetar e intercetar os suspeitos deste crime violento, tendo, todavia, sido já efetuada uma detenção por posse de material combustível, que indiciava a sua utilização para deflagração de incêndio", acrescenta a PSP.
O ambiente tenso
A reportagem do Expresso, que chegou ao local, dá conta de um ambiente tenso, com dezenas de polícias armados posicionados debaixo de arcadas ou das entradas dos prédios, protegendo-se de eventuais agressões, pedindo aos moradores que entrem nas suas respetivas casas. Num primeiro momento, vários lasers de cor verde foram projetados para as janelas dos prédios.
A rua, que esta tarde esteve ocupada durante uma manifestação a pedir justiça, foi bloqueada em ambos os sentidos pelas autoridades. O fogo que consumiu o autocarro foi extinto e posteriormente foi alvo de perícias de elementos da Polícia Judiciária que chegaram ao local.
A entrada nas casas e a detenção
Fonte policial garantiu que nenhum agente tinha entrado em residências num momento inicial, mas enquanto as carrinhas da PSP patrulhavam a área ouviram-se petardos e foram arremessadas pedras de uma rua paralela e as autoridades puseram-se a caminho. Uma sobrinha de Odair Moniz, o homem que faleceu, garantiu ao Expresso que a polícia começou a bater às portas das casas dos prédios à volta do edifício onde a família vivia. A SIC Notícias garante que há um detido por posse de material pirotécnico, informação corroborada pela própria PSP, em comunicado que indica que, depois dos distúrbios ocorridos durante a madrugada, na sequência da morte de um morador baleado pela PSP na Cova da Moura, ao final da tarde voltaram a ocorrer "situações de desordem no interior do Bairro do Zambujal", nomeadamente "um episódio grave de violência urbana", com o roubo de um autocarro da Carris que foi incendiado.
"Apesar de vários esforços, não foi possível até ao momento detetar e intercetar os suspeitos deste crime violento, tendo, todavia, sido já efetuada uma detenção por posse de material combustível, que indiciava a sua utilização para deflagração de incêndio", acrescenta a PSP.
Contabilizando, houve duas situações de emergência médica: duas pessoas foram socorridas por bombeiros por inalação de fumos e altas temperaturas, junto de onde o autocarro ardeu.
O segundo autocarro
Horas mais tarde do autocarro da Carris que ardeu no bairro do Zambujal, outro autocarro foi incendiado na Portela de Carnaxide. Uma testemunha contou ao Expresso que um grupo de jovens de máscara pediu aos passageiros do veículo que saíssem e “pegaram-lhe fogo”.
Outra noite noite de protestos
Na véspera, na noite de segunda-feira, pelo menos 30 pessoas causaram distúrbios no bairro do Zambujal, em Lisboa, onde morava o homem morto a tiro pela PSP na Cova da Moura. Vários caixotes do lixo foram incendiados e pelo menos uma pessoa ficou ferida, mas ninguém foi detido.
Pouco depois das 21h00 instalou-se o caos no bairro do Zambujal: caixotes do lixo a arder e outros virados ao contrário para impedir a entrada das autoridades.
Os bombeiros foram chamados e terão sido mal recebidos. Pediram ajuda à polícia, que destacou equipas de intervenção rápida da PSP e da Unidade Especial de Polícia.
[Notícia em atualização]