"É um aprendizado porque nós nunca implementámos uma campanha em condições adversas como estas. Nós temos aqui a presença das Forças de Defesa e Segurança, temos a presença dos membros da polícia de Moçambique e estas são situações atípicas", disse o chefe do departamento de saúde pública em Nampula, Geraldino Avalinho.
O representante falava à margem do lançamento de uma campanha de vacinação contra a cólera que vai abranger cerca de 200 mil pessoas em três postos administrativos afetados pelo surto, iniciada na segunda-feira e com a duração de cinco dias.
Em causa está a onda de desinformação na região, que levou à destruição de centros de tratamentos de cólera, de postos policiais e de saúde, assim como a agressão de agentes da polícia e profissionais de saúde.
"Na ponte sobre o rio Meluli [Nampula] existem jovens que estão organizados e dizem que estão a espera da equipa de vacinadores que se atrevem a atravessar o rio para naquela área, isso significa que há zonas que onde temos que trabalhar avidamente para desmistificar e tentar intensificar a mobilização para adesão a esta campanha", explicou.
Em 13 de dezembro, o Presidente moçambicano reconheceu a falta de água potável naquele distrito e manifestou preocupação pelas populações recorrerem a fontes não apropriadas, facto que potencia a propagação da doença.
Filipe Nyusi avançou que, devido á desinformação em Nametil, um dos distritos afetados pelo surto, um profissional da saúde, afeto ao Centro de Tratamento da Cólera (CTC), e um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM) foram feridos gravemente pela população.
"Destruíram, igualmente, o posto policial e mataram um polícia que estava em missão de serviço",concluiu.
Dados do Ministério da Saúde até 17 de dezembro indicam que a província de Nampula registou o acumulado de 302 casos, com 29 mortes desde outubro, sendo a única província do país com casos ativos da doença.
Segundo as autoridades de saúde, atualmente a taxa de letalidade da doença na província é de 9,6%, com 25 óbitos registados nas comunidades e os outros quatro em hospitais.
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