O ministro da Presidência reuniu-se esta terça-feira com associações representativas de comunidades da periferia da Grande Lisboa e prometeu apoios para a habitação, saúde e educação mas também ouvir propostas de combate ao racismo e à exclusão social.

"Nós concordamos que as áreas de maior necessidade de melhoria da vida concreta das pessoas são o acesso à habitação, o acesso à educação, o acesso à saúde, medidas que estamos a aplicar a pensar no país inteiro, mas que vão ter mais impacto nas áreas onde há mais carência", como é o caso da Grande Lisboa, afirmou Leitão Amaro, no final de uma reunião com 15 associações representativas de minorias e de desenvolvimento local dos bairros periféricos.

A reunião foi agendada pelo governo na sequência dos incidentes em vários bairros da Área Metropolitana de Lisboa (AML) após a morte de Odair Moniz, baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública em circunstâncias ainda por esclarecer.

Após uma reunião de três horas e sem apresentar propostas concretas, o ministro destacou o empenho do governo em "resolver as listas de espera para os médicos de família e das escolas sem professores, que são muito localizadas nestas zonas da área Metropolitana de Lisboa".

No final da reunião, as associações mostraram-se insatisfeitas com os compromissos concretos do governo, mas, para Leitão Amaro, o mais importante é que esteja "aberto, contínuo e melhorado o diálogo com toda a sociedade portuguesa, mas também com as representantes destas comunidades", pelo que serão agendadas futuras reuniões e "não apenas com os que estiveram hoje".

Todas as associações "tiveram a oportunidade de falar longamente" das suas reivindicações e, adiantou Leitão Amaro, foi acordado "revisitar as instituições de observação e diálogo", em particular a estratégia de combate ao racismo, criticada pelas estruturas locais.

"Nós pedimos às associações, ficou do lado delas agora partilharem connosco" as propostas de revisão do plano de combate ao racismo, explicou Leitão Amaro, recordando que "muitas delas envolveram-se na conceção do programa, mas concordamos que é necessário dar prioridade".

Os "antigos planos de combate ao racismo e à discriminação ficaram largamente sem execução", com apenas 15% das medidas executadas e "dois terços por iniciar", afirmou o governante.

Para Leitão Amaro, "o diálogo é muito importante e é para continuar", porque o objetivo final é "melhorar a qualidade de vida concreta das pessoas", recordando outras medidas do governo, que terão impacto nessas comunidades.

"Aprovámos 2,8 mil milhões de euros de habitação pública dirigida à classe média, mas também às famílias mais vulneráveis", exemplificou.

No capítulo da segurança, Leitão Amaro, admitiu que "é importante haver policiamento de proximidade" nas zonas mais sensíveis e recordou que o Ministério da Administração Interna já tinha iniciado um projeto de formação pedagógica para as polícias.

Manifestando solidariedade para com as polícias, Leitão Amaro também admitiu que "não há nenhum agente da autoridade que não esteja sujeito a escrutínio e a justiça".

No caso do homicídio na Cova da Moura, "foi feito aquilo que um Governo deve fazer, que é ordenar a abertura de uma avaliação, um inquérito disciplinar na IGAI (Inspeção Geral da Administração Interna), além de que as autoridades de investigação criminal estão a fazer o seu trabalho", disse.

"Todos devem ter voz e um governo moderado, como é o nosso, deve estar disponível e aberto a ouvir, a dar a sua visão, também a discordar quando discordar, e agir com medidas concretas para melhorar a vida das pessoas", adiantou o ministro.

Sem comentar as críticas feitas por outros partidos ao caso, Leitão Amaro assumiu que o executivo PSD/CDS quer procurar consensos e evitar discursos radicais.

"Nós acreditamos profundamente na essencialidade humana" e "temos procurado em tudo em todas as áreas moderação e equilíbrio", porque a "primeira forma e mais importante de um governo não cultivar uma cultura de ódio é não ser um autor da cultura de ódio, do discurso de ódio, do discurso ou da exclusão", disse.