A secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, anunciou que um novo pacote de sanções à Rússia terá como alvo países e empresas que facilitam o fornecimento a Moscovo de equipamento de uso militar.

"Continuamos a agir contra a evasão às sanções russas e, já na próxima semana, vamos introduzir novas e fortes sanções contra aqueles que facilitam a máquina de guerra do Kremlin, incluindo intermediários em países terceiros que fornecem à Rússia materiais essenciais para as suas forças armadas", afirmou Yellen.

Yellen falava à margem das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), que congregam líderes de todo o mundo em Washington.

Estas restrições fazem parte das novas medidas tomadas por Washington nos últimos meses para impedir às forças armadas russas o acesso a tecnologia e armamento para a guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022.

Ainda assim, esta terça-feira Zelensky voltou a falar nos cerca de 12.000 soldados norte-coreanos que vão combater ao lado da Federação Russa na guerra em curso na Ucrânia. Num vídeo publicado através das suas páginas nas redes sociais, Zelensky frisou que "a vida humana não é valorizada" nos regimes de Moscovo e de Pyongyang e pediu colaboração a todos os aliados rumo ao objetivo comum de acabar com a guerra, que se expandiu com a invasão militar em larga escala desencadeada pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022.

"Se a Coreia do Norte puder intervir numa guerra na Europa, é evidente que não foi exercida pressão suficiente sobre este regime. Se a Rússia puder continuar a expandir e alargar esta guerra, então todos os que não estão a ajudar a forçar a Rússia a aceitar a paz estão, de facto, a ajudar Putin a travar esta guerra", disse.

O ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Gabrielius Landsbergis, defendeu que a NATO deveria considerar a ideia do Presidente francês, Emmanuel Macron, de enviar tropas para a Ucrânia, após o alegado recrutamento de soldados norte-coreanos para o lado russo.

"Se for confirmada a informação de que os esquadrões da morte da Rússia estão equipados com munições e pessoal norte-coreano, teremos de pensar em enviar tropas e outras ideias de Macron", disse o chefe da diplomacia lituana em declarações ao Politico.

Landsbergis lamentou que mais uma vez os parceiros da Ucrânia estejam atrasados na resposta de apoio a Kiev, mas confia que juntos poderão "tomar todas as medidas necessárias para transformar as ideias do Presidente Macron em ações".

Irmã de líder norte-coreano acusa Ucrânia e Coreia do Sul de "cães malcriados dos EUA"

Kim Yo Jong, a irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, acusou a Ucrânia e a Coreia do Sul de "provocarem" o país, qualificando-os de "cães malcriados dos Estados Unidos".

"Uma provocação militar contra um Estado com armas nucleares pode levar a uma situação horrível, inimaginável para os políticos e peritos militares de qualquer país grande ou pequeno do mundo", afirmou Kim Yo Jong, segundo a agência noticiosa estatal KCNA.

Acusando Kiev e Seul de fazerem "comentários imprudentes sobre Estados com armas nucleares", a responsável argumentou que esta parece ser "uma característica comum dos cães malcriados dos Estados Unidos".

A irmã do líder informou ainda que os serviços secretos norte-coreanos investigam a utilização de 'drones' contra a Coreia do Norte e acusou Seul de medidas propagandísticas contra Pyongyang.

"Ninguém sabe como a nossa retaliação e vingança serão concluídas", afirmou.


Outras notícias que marcaram o dia:

⇒ O Reino Unido anunciou que vai contribuir com 2,26 mil milhões de libras (2,71 mil milhões de euros) para um empréstimo global do G7 à Ucrânia de 50 mil milhões de dólares (mais de 45 mil milhões de euros). Esta soma "representa a contribuição do Reino Unido" para este programa de empréstimos que será "concedido à Ucrânia para as suas necessidades militares, orçamentais e de reconstrução", afirmou o governo britânico num comunicado.

⇒ O Parlamento Europeu deu 'luz verde’ a um empréstimo extraordinário de até 35 mil milhões de euros à Ucrânia, que deverá ser reembolsado com receitas de ativos congelados da Rússia, face à invasão russa do país. O aval foi dado na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, no âmbito da qual os eurodeputados aprovaram com 518 votos a favor, 56 votos contra e 61 abstenções a nova assistência macrofinanceira à Ucrânia contra a invasão russa.

⇒ O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que a possibilidade de iniciar negociações de paz com a Rússia dependerá do resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para 5 de novembro. "Na minha opinião, [as negociações] dependem, num primeiro plano, das eleições nos Estados Unidos", o principal aliado de Kiev contra a Rússia, afirmou Zelensky durante um encontro com um grupo de jornalistas, incluindo da agência de notícias AFP, na segunda-feira.

⇒ A diplomacia da União Europeia disse confiar que o secretário-geral das Nações Unidas irá, num encontro com o Presidente russo previsto para quinta-feira, apelar à Rússia para que saia "total e incondicionalmente" da Ucrânia e cesse hostilidades. "Estamos confiantes de que o secretário-geral da ONU, em Kazan [cidade russa que acolhe a cimeira dos BRICS], reforçará o apelo à Rússia para que se retire total e incondicionalmente da Ucrânia, seguido de uma cessação das hostilidades, tal como já expresso em várias resoluções" da Organização das Nações Unidas, reagiu em declarações à Lusa o porta-voz da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano.

⇒ O procurador-geral da Ucrânia, Andrei Kostin, apresentou a sua demissão depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a ter sugerido devido ao elevado número de falsas baixas para a obtenção de benefícios sociais e dispensa de serviço militar. Kostin reconheceu que se registaram "muitos acontecimentos vergonhosos" dentro do próprio Ministério Público e por isso concordou com Zelensky que é necessário não só anular os casos em que foram cometidas fraudes, mas também responsabilizar os autores.