O Hamas declarou-se pronto a cessar as hostilidades em Gaza se Israel se comprometer com um cessar-fogo, disse, esta quinta-feira, um responsável do movimento islamita palestiniano, em guerra com o exército israelita há mais de um ano.
O Hamas "mostrou-se disposto a cessar as hostilidades, mas Israel deve comprometer-se com um cessar-fogo e a uma retirada da Faixa de Gaza, [a permitir] o regresso das pessoas deslocadas e [aceitar] um acordo sério para uma troca" de reféns israelitas detidos em Gaza por prisioneiros palestinianos, além de "autorizar a entrada de ajuda humanitária" em Gaza, disse o responsável, citado pela agência France-Presse (AFP).
Uma delegação do Hamas discutiu no Cairo "ideias e propostas" para a retomada das negociações com vista a um cessar-fogo, acrescentou.
Israel confirmou que enviará este fim de semana o líder dos serviços secretos, Mossad, David Barnea, a Doha para retomar as negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de reféns.
Além de Barnea, as conversações incluirão o novo chefe dos serviços secretos egípcios, Hassan Mahmoud Rashad, possivelmente o responsável dos serviços secretos norte-americanos da CIA, William Burns, e o primeiro-ministro do Catar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, o interlocutor do grupo islamita palestiniano, uma vez que o Hamas não está diretamente envolvido.
Chefe do Estado-Maior israelita considera possível fim rápido de guerra no Líbano
O chefe do Estado-Maior do Exército israelita considerou possível terminar rapidamente a guerra no Líbano, eliminada a cadeia de comando do grupo xiita Hezbollah, um mês depois da escalada do conflito, após um ano de fogo cruzado transfronteiriço.
"No norte, existe a possibilidade de uma conclusão rápida. Desmantelámos por completo a cadeia de comando superior do Hezbollah", afirmou Herzi Halevi, em declarações hoje divulgadas pelo Exército israelita sobre um encontro no dia anterior com os comandantes da 162.ª Divisão, que opera na Faixa de Gaza.
Israel matou o líder máximo do Hezbollah, Hassan Nasrallah, juntamente com 17 outros comandantes da milícia num bombardeamento em Beirute, a 27 de setembro, e alguns dias depois matou o seu possível sucessor, Hashem Safieddin, num ataque a 4 de outubro, embora a sua eliminação não tenha sido até agora confirmada nem pelo Exército israelita nem pelo movimento xiita libanês.
Segundo o exército israelita, foram atingidos, esta quinta-feira, vários depósitos e oficinas de armamento pertencentes ao Hezbollah durante os ataques de quarta-feira à noite contra o sul de Beirute.
"Todos estes locais estão instalados pelo Hezbollah debaixo e dentro de edifícios civis no centro das zonas habitadas", acrescentou.
Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, afirmou que a conferência internacional de apoio ao Líbano realizada em Paris angariou mil milhões de dólares (925 milhões de euros) em donativos de ajuda humanitária e apoio militar. Também o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nuno Sampaio, anunciou que Portugal irá apoiar o Líbano com 150 mil euros: “75 mil euros para a Cruz Vermelha e outros 75 mil para as Nações Unidas". Na mesma conferência, a Organização Internacional para as Migrações pediu a doação de 30 milhões de euros para cobrir as necessidades humanitárias urgentes do Líbano e alertou para a necessidade de dar acesso a quem vai salvar vidas.
⇒ A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou que já não tem condições para prosseguir o seu trabalho de socorro no norte do território palestiniano devido às "ameaças" israelitas às suas equipas. "Lamentamos não poder continuar a prestar serviços humanitários aos cidadãos do norte da Faixa de Gaza devido às ameaças das forças de ocupação israelitas de matar e bombardear as nossas equipas se estas permanecerem no campo [de refugiados] de Jabalia", declarou o porta-voz do serviço de primeiros socorros Mahmud Bassal, citado pela agência de notícias francesa, AFP.
⇒ Pelo menos 16 palestinianos, incluindo quatro crianças, morreram na sequência de um bombardeamento do exército israelita contra uma escola do campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. O número de mortos foi avançado por fontes médicas citadas pela agência noticiosa palestiniana WAFA e confirmado pelo jornal Filastin, ligado ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), mas o exército israelita ainda não se pronunciou. O ataque deixou também 32 pessoas feridas.