
O movimento islamita Hamas afirmou esta quarta-feira que continua disponível para negociações com Israel, sublinhando que não é preciso um novo acordo, apesar dos bombardeamentos israelitas sobre Gaza na terça-feira que provocaram mais de 400 mortos.
"Não encerrámos a porta às negociações", disse Taher al-Nunu, um dos porta-vozes do Hamas, garantindo ainda que o grupo islâmico aceitou as propostas apresentadas pelo enviado dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e pelo enviado dos Estados Unidos nas negociações para a libertação dos reféns em Gaza, Adam Boehler.
Al-Nunu afirmou que o grupo islamita palestiniano está em contacto com os mediadores - Qatar, Egito e Estados Unidos - para que Israel "pare com a sua agressão", "respeite o que foi assinado" e "inicie as negociações para a segunda fase do acordo de cessar-fogo", que contempla a retirada dos soldados israelitas da Faixa de Gaza e a libertação dos reféns que ainda estão vivos.
"Não há necessidade de novos acordos, pois o assinado já existe", disse o porta-voz, insistindo que é necessário que "a ocupação [Israel] seja pressionada para continuar as negociações e iniciar a segunda fase", segundo o jornal palestiniano Filastin.
Estados Unidos são "cúmplices"
Nesse sentido, Al-Nunu apelou a ações "urgentes" para travar a ofensiva contra Gaza e que Israel permita a entrada de ajuda humanitária no enclave, sublinhando que "as condenações [verbais] não são suficientes".
O porta-voz reiterou que os Estados Unidos são "cúmplices" dos mais recentes bombardeamentos no enclave palestiniano, uma vez que "foram premeditados".
Al-Nunu afirmou que "se [o primeiro-ministro israelita Benjamin] Netanyahu estivesse a falar a sério, um acordo teria sido alcançado em horas", acrescentando que "as ações da ocupação não lhes vão permitir alcançar qualquer objetivo".
Mais de 70% dos mortos são mulheres, crianças e idosos
Alertou ainda que se os militares israelitas lançarem uma nova incursão terrestre, o grupo "não terá outra opção a não ser defender o povo palestiniano".
Por outro lado, Al-Nunu informou que mais de 70% dos mortos nos bombardeamentos de terça-feira são mulheres, crianças e idosos, assim como "um grupo de líderes governamentais - em referência a vários altos responsáveis do Executivo liderado pelo Hamas no enclave - e responsáveis pela entrega de ajuda humanitária aos cidadãos de Gaza".
Horas antes, Osama Hamdan, um alto responsável do Hamas, tinha confirmado a existência de "contactos" com o Qatar e o Egito para tentar que Israel parasse com os seus bombardeamentos, que continuaram na madrugada desta quarta-feira.