
Os rebeldes Huthis avisaram esta quarta-feira as transportadoras marítimas que "qualquer navio israelita" que passe nas águas próximas do Iémen é agora um alvo, uma vez que Israel continua a bloquear a ajuda a Gaza.
A declaração do Centro de Coordenação de Operações Humanitárias dos Huthis segue-se a um prazo de quatro dias estabelecido pelos rebeldes para que Israel retome o envio de ajuda para a Faixa de Gaza.
"Esperamos que se entenda que as ações tomadas [pelos militares Huthis] resultam de um profundo sentido de responsabilidade religiosa, humanitária e moral para com o povo palestiniano oprimido e visam pressionar a entidade usurpadora israelita a reabrir as passagens para a Faixa de Gaza e permitir a entrada de ajuda, incluindo alimentos e materiais médicos", lê-se num comunicado.
O aviso dos Huthis volta a lançar o caos numa via marítima crucial entre a Ásia e a Europa, ameaça as receitas do Canal do Suez, no Egito, e poderá interrompa o envio de ajuda para zonas de guerra, de acordo com a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).
No passado, os rebeldes também tinham uma definição vaga do que constituía um navio israelita, o que significa que outros navios podiam ser visados, continuou a AP.
O alerta dos Huthis, de acordo com o comunicado, diz respeito ao mar Vermelho, ao golfo de Aden, ao estreito de Bab el-Mandeb e ao mar Arábico.
"Qualquer navio israelita que tente violar esta proibição será alvo de ataques militares na zona operacional declarada", acrescentou a nota dos Huthis.
A empresa de segurança marítima Ambrey alertou para o facto de as declarações dos rebeldes serem ambíguas, colocando provavelmente mais navios em risco.
É "provável que se tenha estendido mais uma vez a navios parcialmente pertencentes a indivíduos ou entidades israelitas, navios geridos e/ou operados por indivíduos ou entidades israelitas, navios que se dirigem a Israel e a navios de empresas que fazem escala em Israel", referiu a empresa.
O líder dos rebeldes, Abdul-Malik al-Houthi, avisou na sexta-feira que os ataques contra navios ligados a Israel seriam retomados no prazo de quatro dias caso Israel não deixasse entrar ajuda no enclave palestiniano. Esse prazo terminou na terça-feira.
Entre novembro de 2023 e janeiro deste ano, os rebeldes atacaram mais de 100 navios mercantes com mísseis e 'drones', afundando dois navios e matando quatro marinheiros.
A primeira fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza expirou a 01 de março. No dia seguinte, Israel anunciou a decisão de bloquear a entrada de ajuda humanitária no enclave, num contexto de desacordo com o Hamas sobre a continuação da aplicação do acordo de cessar-fogo.