O líder da IL acusou hoje o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de ter feito uma "afronta aos portugueses" ao só revelar agora informação sobre a Spinumviva que já tinha há semanas, perguntando-lhe se está "a brincar com o país".

O jornal Expresso noticiou esta tarde que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, entregou, a poucas horas do frente-a-frente televisivo que o vai opor ao secretário-geral do PS, uma nova declaração de interesses à Entidade para a Transparência, na qual revela sete novos clientes da Spinumviva.

Em declarações aos jornalistas após uma reunião com o Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), em Lisboa, Rui Rocha considerou que a gestão deste processo por Luís Montenegro "é uma afronta aos portugueses".

"Se os dados existem, porque é que nós vamos a eleições? Porque é que se traz o país para uma crise política não apresentando os dados no momento certo e agora, a 15 dias das eleições, se apresentam mais factos que, de certeza, já eram do conhecimento de Luís Montenegro, e se atrasam semanas, meses, a divulgação desses factos?", questionou.

Rui Rocha perguntou porque é Luís Montenegro, existindo esses dados, não os divulgou de imediato, "logo quando a questão surgiu".

"Porque é que esperou tanto tempo? Está a fazer uma gestão tática, em função do dia dos debates, desta matéria? Eu creio que isto é absolutamente inaceitável e significa não estar à altura das responsabilidades", acusou.

Além de Luís Montenegro, Rui Rocha deixou também críticas ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerando que tem manifestado "avanços e recuos sobre a necessidade ou não de uma comissão parlamentar de inquérito" à Spinumviva.

"Eu pergunto mesmo: estão Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos a brincar com o país? Estão a brincar com os portugueses?", disse, perguntando se os dois líderes "não consideram que há tantas coisas, tantos desafios, tantos problemas em Portugal, da saúde à habitação, da segurança ao crescimento económico, que justificavam que se comportassem como adultos nesta matéria".

"Eu creio que não o têm feito e merecem toda a condenação política por esta falta de sentido de Estado, por esta falta de respeito pelos portugueses", defendeu, questionando "o que é que esta gente está a fazer ao país".

Sobre o que espera do debate desta noite entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, Rui Rocha reiterou que acha que vai ser uma discussão entre "o mesmo" e "mais do mesmo", frisando que poderá haver "alguma crispação, que traduzirá mais uma tentativa de mostrar diferenças que, na verdade, não existem tanto assim".

Rui Rocha considerou que essa ausência de diferenças que identificou entre o PS e a AD se manifesta em matérias como "os interesses político-partidários", dando o exemplo do facto de ambos terem concordado em desagregar freguesias.

"Ao contrário, uma decisão que estava para ser tomada já no final da legislatura, que é o prolongamento da proteção na parentalidade para as famílias portuguesas, aí também se conseguiram entender para que essa proteção e o alargamento dos direitos da parentalidade não fossem aprovados na legislatura", referiu.

Questionado se, ainda assim, admite um acordo pós-eleitoral com a AD, Rui Rocha disse que, quando identifica uma proximidade entre a coligação PSD/CDS-PP e o PS, isso não significa que "essa proximidade seja total" e não haja "vias de entendimento com a AD", dando o exemplo da criação de uma unidade de controlo de fronteiras da PSP, que ambos defendem.

No entanto, Rui Rocha referiu que há áreas em que há "uma diferença de ambição muito grande com a AD", salientando que é por isso mesmo que "a votação da IL deve ser reforçada", para conseguir "puxar o país para as reformas que a AD não conseguiu fazer".