O impacto da guerra comercial iniciada por Donald Trump está a sentir-se nos EUA, com menos despesas, viagens, turistas, mas também empregos, apontou hoje a Reserva Federal (Fed), no seu Livro Bege, que reflete a conjuntura da economia do país.

"Em várias regiões (do Sistema da Reserva Federal), as perspetivas degradaram-se consideravelmente, devido ao aumento da incerteza económica, em particular ligada às taxas alfandegárias", apontou-se na publicação hoje divulgada, que recolhe informação de operadores e analistas.

Segundo Trump, a forte subida das taxas alfandegárias sobre as importações dos EUA vai permitir a relocalização de atividades e empregos no país e gerar receitas públicas para financiar a baixa de impostos.

Mas, a curto prazo, a este protecionismo está a abalar a primeira economia mundial, cujo pilar principal é o consumo dos seus habitantes.

Durante a preparação da publicação, que fechou em 14 de abril, "as despesas de consumo, com exceção do automóvel, foram mais baixas, no seu conjunto".

Por outro lado, a Fed apontou que "a maior parte das regiões constataram vendas de automóveis e bens duradouros (como móveis), ente o moderado e o robusto", mas, relativizou, "estas foram atribuídas a uma pressa para comprar", antes que as taxas alfandegárias façam subir os preços.

"As viagens de turismo e negócios diminuíram e várias regiões reportaram mesmo uma baixa do número de visitantes estrangeiros", detalhou-se.

A Fed realçou ainda que "a maior parte das empresas" consultadas tenciona repercutir os seus agravamentos de custos nos seus preços de venda.

Sobre o emprego, "várias regiões relataram que as empresas estão na expectativa, suspendendo ou diminuindo as contratações, até que haja mais clareza sobre as condições económicas".

Pior: "Houve um aumento de informações dispersas segundo as quais várias empresas preparam-se para fazer despedimentos".

Por fim, e o seguimento de o governo de Trump estar empenhado na redução, a marcha forçada, da despesa pública e da dimensão do aparelho de Estado federal, o Livro Bege destacou que "os cortes nas subvenções federais, bem como uma diminuição dos donativos filantrópicos, provocaram carências nos serviços fornecidos por numerosas organizações".