"Eu acho que quem está frequentemente em Timor, mesmo o meu caso que venho pontualmente e tenho algum distanciamento, e certamente que quem o faz, conseguirá reconhecer esse sucesso naquilo que tem vindo a ser a implementação da língua portuguesa se olharmos para um percurso de 25 anos", afirmou Rui Vaz.

Para o responsável, aquele sucesso deve-se à "capacidade dos timorenses", mas também ao seu "interesse estratégico, que não está esquecido" e que tem estado presente em todos os governos do país.

"É um princípio essencial da sua afirmação neste contexto regional", disse.

Rui Vaz falava à Lusa à margem das IX Jornadas Pedagógicas, organizadas pelo Centro de Língua Portuguesa da UNTL, no âmbito do projeto da cooperação portuguesa FOCO, em articulação com a embaixada de Portugal, dedicadas ao tema "Literacias Transversais Em Timor-Leste: Repensar o Ensino do Português".

Segundo o diretor do serviço de línguas do Camões, os sinais também são vistos com os resultados dos projetos de cooperação, como por exemplo, os grupos de formadores de língua portuguesa do Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (Infordep), do projeto Pró-Português, em que os próprios timorenses "assumem a função de formar os seus próprios cidadãos".

"Temos um órgão de comunicação social que surge de um projeto de cooperação, onde de repente temos um conjunto de jornalistas excecionais capacitados e a escrever em língua portuguesa", salientou Rui Vaz, referindo ao Laboratório da Língua para Jornalistas.

"E temos, como maior exemplo de todos, este grupo de docentes do Centro de Língua Portuguesa [da Universidade Nacional de Timor-Leste] que são docentes extremamente capacitados e com um nível de formação extraordinário e que dão certamente sinais muito positivos para aquilo que pode ser o futuro da língua portuguesa em Timor-Leste feita pelos timorenses com cada vez mais propriedade", afirmou.

Na sua intervenção, nas Jornadas Pedagógicas, com o tema "Contributo para uma Estratégia para Língua Portuguesa em Timor-Leste", Rui Vaz sugeriu a criação de uma estratégia para a promoção da língua portuguesa, com maiores sinergias e articulação entre todas as cooperações, a sua valorização cultural e a sua apropriação pelos timorenses.

"A língua portuguesa é uma língua pluricêntrica com vários centros de decisão e Timor-Leste é um dos titulares dessa decisão através do Instituto Internacional de Língua Portuguesa", explicou Rui Vaz.

"Portanto, como língua que é sua, Timor-Leste tem uma capacidade de influenciar aquilo que o português é e há de ser, coisa que não tem com outras línguas mais instrumentais, como o inglês, que andamos aqui um pouco a reboque de quem manda nela, que não somos certamente nós", acrescentou.

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