O incêndio que atinge a Madeira desde quarta-feira está "próximo de habitações" na freguesia da Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, indicou hoje à tarde o presidente da Câmara, referindo que algumas zonas já foram evacuadas.
Em declarações à agência Lusa, Ricardo Nascimento disse que a situação mais preocupante neste momento no município é a registada na Serra de Água e que o fogo "está mesmo próximo das habitações".
O Governo da Madeira fechou esta tarde as estradas de acesso ao planalto do Paul da Serra, no concelho da Calheta, devido à aproximação do incêndio que deflagrou na quarta-feira na ilha da Madeira.
"Informo que foram encerrados ao trânsito os acessos ao Paul da Serra por estrada regional (ER)", lê-se na informação divulgada à tarde pela Direção Regional de Estradas.
Segundo a nota, estão encerradas a ER211 entre os sítios das Quebradas e do Lombinho, na freguesia da Ponta Delgada (concelho de São Vicente), a ER 105 nos troços centre a Porta da Vila e a Encumeada com o Paul da Serra, e a ER 209, que liga este planalto e a Ribeira da Janela (concelho do Porto Moniz).
Intransitáveis estão ainda as estradas regionais 209 e 210-Malhadinha/Paul da Serra e a ligação Prazeres/Fonte do Bispo, respetivamente.
O incêndio na Madeira continua ativo e fora de controlo. Estão no terreno todos os meios regionais disponíveis, mais 76 operacionais enviados pelo Governo de Lisboa.
São 21 elementos da Força Especial de bombeiros e 15 voluntários, 25 elementos da Proteção Civil e 15 militares da GNR.
O último ponto de situação dá conta de três frentes ativas a lavrar nas zonas de Jardim da Serra, Encumeada e Curral das Freiras. A população continua a ser retirada das habitações. Desde quarta-feira, as autoridades já retiraram cerca de 200 pessoas.
Um reacendimento na Serra de Água está a colocar habitações em risco. Já foram mobilizados meios para o local e 20 pessoas vão ser retiradas de casa, como explicou à SIC a presidente da Junta de Freguesia Albertina Ferreira.
"Devíamos pedir um esforço aos operacionais para um combate mais musculado"
O vice-presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Proteção Civil diz que se está a viver uma situação muito delicada na Madeira. Por isso considera que era importante pedir um esforço extra aos operacionais que estão a combater o incêndio.
Jorge Silva acrescenta ainda que, para além do vento não estar ajudar, também os recursos das regiões afetadas não estão prontos para serem utilizados.
Durante a noite, o fogo aproximou-se de várias casa e algumas aldeias tiveram de ser evacuadas.
Segundo as últimas informações, as pessoas que foram retiradas de casa estão alojadas num pavilhão da Ribeira Brava.
Albuquerque diz que combinou com Lisboa envio de meios
O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.
"Já ontem [sexta-feira] tinha combinado com o Governo [...] para mandar a força", afirmou Miguel Albuquerque, no sábado à noite, em declarações aos jornalistas no posto de Comando da Proteção Civil da freguesia do Curral das Freiras, no concelho de Câmara de Lobos, onde se deslocou depois de ter interrompido as férias na ilha do Porto Santo.
Fonte do Governo Regional disse à Lusa, na sexta-feira à noite, que o Governo da República disponibilizou apoio para o combate ao incêndio, mas o executivo madeirense considerou não ser necessário, argumentando que lavrava sobretudo em zonas de difícil acesso.
Centros de saúde reforçados asseguram todos os cuidados
O Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira garantiu hoje que os centros de saúde foram reforçados, estando "assegurados" todos os cuidados de saúde aos utentes afetados pelo incêndio.
"O Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira informa que estão assegurados todos os cuidados de saúde aos utentes afetados pelo incêndio que deflagrou no passado dia 14 de agosto", garantiu a instituição regional em comunicado.
O Serviço de Saúde (Sesaram) acrescenta que os centros dos concelhos afetados foram reforçados com profissionais de saúde e estão a "funcionar em pleno".
Segundo a nota, o Centro de Saúde do Curral das Freiras (CSCF), no concelho de Câmara de Lobos, foi aberto no sábado e manter-se-á em funcionamento "ininterruptamente" até segunda-feira, dia em que retoma o seu horário de funcionamento normal.
O CSCF recebeu, desde esta abertura, 21 atendimentos e realizou duas transferências para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.
O Serviço de Atendimento Urgente (SAU) do Centro de Saúde da Ribeira Brava recebeu no sábado e hoje oito utentes com mobilidade reduzida e três utentes relacionados com o incêndio.
Por outro lado, no SAU do Centro de Saúde de Câmara de Lobos deram hoje entrada dois utentes.
"O Hospital Dr. Nélio Mendonça está capacitado e reforçado com os meios técnicos e os recursos humanos necessários, para dar resposta as situações urgentes e emergentes", sublinha o Sesaram.
Dada a complexidade da situação foram ativadas várias equipas, afirma este serviço, que termina o comunicado com um agradecimento ao "trabalho excecional que tem sido realizado por todos os profissionais de Saúde".
Vários percursos pedestres e áreas de lazer encerrados
Catorze percursos pedestres classificados e quatro áreas de lazer da Madeira estão hoje encerrados, por prevenção, devido aos incêndios rurais na ilha, anunciou o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) da região.
Na informação, o IFCN indicou estarem encerradas as veredas da Ilha, do Pico Ruivo, da Lagoa do Vento, do Pico Fernandes, do Túnel do Cavalo, da Câmara de Carga do Rabaçal e da Palha Carga, além das levadas das 25 Fontes, Velha do Rabaçal, do Risco, do Alecrim, do Paul II - um caminho para todos e da Rocha Vermelha. Intransitável está ainda o Caminho do Pináculo e Folhadal.
As áreas de lazer da Fonte do Bispo, das Cruzinhas, do Fanal e do Rabaçal estão igualmente fechadas, desaconselhando o instituto a circulação nas zonas montanhosas da região.
Todas as regiões da Madeira sob aviso laranja
O vento forte e o tempo quente levou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a colocar todas as regiões da ilha da Madeira sob aviso laranja.
O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica, enquanto o aviso laranja (o segundo nível) é emitido quando existe situação meteorológica de risco moderado a elevado.
Estas condições atmosféricas têm dificultado o combate às chamas e por prevenção dezenas de pessoas foram retiradas das suas residências, estando em estruturas disponibilizadas pelas câmaras municipais.
Com Lusa