O representante da República para a Região Autónoma da Madeira considerou hoje que os resultados do combate ao incêndio que lavrou desde dia 14 de agosto "foram ótimos", realçando que não foram registadas vítimas nem habitações ardidas.
"Eu devo dizer que fiquei muito impressionado, eu não sou técnico, não sei nada de incêndios, não sei como é que se combatem incêndios, o que eu sei é que a situação gravíssima que nós vivemos, passado algum tempo, conseguimos atalhá-la", afirmou Ireneu Barreto.
O representante da República falava aos jornalistas no Serviço Regional de Proteção Civil, no Funchal, sobre o 'briefing' ao qual assistiu, onde lhe foi apresentada uma cronologia dos acontecimentos.
"Isso para mim é que é fundamental, foi um incêndio com uma intensidade brutal, em condições meteorológicas complicadíssimas e nós não tivemos uma casa ardida, uma propriedade agrícola tocada, que fosse significativa, e não tivemos felizmente ninguém ferido ou morto", acrescentou o juiz conselheiro.
Questionado se considera que o combate e os meios empenhados foram os adequados, o representante da República disse não "ser técnico de incêndios" e rejeitou falar daquilo que não sabe.
"Não sei se foram bons ou foram maus, eu sei os resultados. Os resultados foram ótimos", defendeu.
"Eu acho que o facto de termos dominado o incêndio e circunscrito o incêndio para uma zona que não atingiu praticamente a Laurissilva, que não atingiu significativamente as explorações agrícolas, é um bom sinal", sublinhou Ireneu Barreto.
O juiz conselheiro indicou, por outro lado, que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já manifestou intenção de visitar a Madeira, mas não há ainda uma data prevista para a deslocação.
"Eu gostaria que o senhor Presidente da República viesse à Madeira fazer uma visita institucional, que fizesse uma visita a todos os concelhos da região", afirmou, acrescentando, no entanto, que ainda "é prematuro" avançar com uma data.
Sobre a eventual apresentação de uma moção de censura ao Governo Regional minoritário, presidido pelo social-democrata Miguel Albuquerque, admitida pelo Chega, Ireneu Barreto admitiu que "tudo é possível em política".
"Eu não posso garantir que não vá haver moções de rejeições, embora, se eu tenho estado a ler bem a situação, não vejo os partidos mais importantes da nossa região a propor moções de rejeição, vejo comissões de inquérito, etc, mas moções de rejeição os grandes partidos ainda não se pronunciaram sobre isso", declarou.
"De qualquer modo, a Madeira neste momento tem um Governo para governar, nós precisamos de estabilidade, precisamos de sossegar as populações e dizer-lhes a elas que a região vai entrar agora na normalidade", reforçou o representante da República.
Ireneu Barreto visitou hoje também o Comando Operacional da Madeira e à tarde desloca-se à Câmara Municipal de Câmara de Lobos e ao concelho da Ponta do Sol, dois dos municípios afetados pelo incêndio.
Estas visitas, frisou o representante, servem para agradecer aos elementos envolvidos no combate ao fogo, assim como a quem esteve a dirigi-los, e também para manifestar uma palavra de conforto e solidariedade às populações afetadas pelo incêndio.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.
Hoje, ao fim de 13 dias, a proteção civil regional indicou que o fogo "está totalmente extinto".
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.045 hectares de área ardida.
Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.
O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.