Israel conseguiu eliminar toda a cadeia de comando do movimento palestiniano Hamas e do seu aliado libanês Hezbollah, ambos apoiados pelo Irão, e desmantelou grande parte das suas capacidades militares, noticiou a AFP citando um alto responsável de Telavive.

Israel, adiantou a mesma fonte a coberto de anonimato, não está a travar "uma guerra contra Gaza, ou outra guerra contra o Líbano", mas sim "uma guerra contra o Irão, por vezes diretamente, por vezes indiretamente, através dos aliados do Irão".

"Estamos preparados para meses e vamos ficar o tempo que for necessário para garantir a nossa segurança", disse a mesma fonte, referindo-se às operações militares em curso na Faixa de Gaza e no Líbano, bem como a uma potencial resposta israelita ao ataque iraniano de 1 de outubro.

O Hezbollah confirmou, esta quarta-feira, a morte de Hashem Safieddine, presumível sucessor de Hassan Nasrallah à frente do movimento xiita libanês, depois de o exército israelita ter anunciado que o tinha "eliminado" no início deste mês num ataque perto de Beirute.

Num comunicado, o Hezbollah comunicou a morte do chefe do Conselho Executivo do movimento pró-iraniano, Hashem Safieddine, "num ataque sionista", acrescentando que tinha sido morto juntamente com outros membros do partido xiita pró-iraniano, sem especificar a data ou o local da sua morte.

Na terça-feira à noite, o exército israelita confirmou que o matou "num ataque há cerca de três semanas" nos subúrbios do sul de Beirute, juntamente com Ali Hussein Hazima, um alto funcionário do Hezbollah.


Hezbollah preparava ataque "ainda maior" do que o de 7 de outubro, garante o primeiro-ministro israelita

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que o movimento xiita libanês Hezbollah tinha em preparação um ataque ao seu país "ainda maior" do que aquele que o grupo palestiniano Hamas executou em 7 de outubro de 2023.

"A cem metros, a duzentos metros da fronteira [israelo-libanesa], encontrámos túneis que preparavam uma invasão de Israel, um ataque ainda maior do que o de 7 de outubro, com jipes, com motorizadas, com 'rockets', mísseis", afirmou Netanyahu, entrevistado pelo canal de notícias francês Cnews e pela rádio Europe 1.

Em meados de outubro, após a intensificação das operações militares de Israel e invasão terrestre do Líbano, o chefe do Governo tinha dito ao diário francês Le Figaro que "uma quantidade de armas russas de última geração" tinha sido encontrada pelo Exército em esconderijos do grupo armado apoiado pelo Irão no sul do país.

Um responsável do exército israelita garantiu, ainda, que as tropas encontraram numerosos túneis e arsenais do grupo xiita libanês Hezbollah perto de posições da FINUL, a missão de manutenção da paz da ONU no Líbano.

"É surpreendente que, apesar do número de bases das forças da ONU, tenhamos encontrado tantas infraestruturas do Hezbollah - como túneis e arsenais - debaixo do nariz dos capacetes azuis", chefe de operações da segunda brigada do exército israelita, Ariye Hominer, durante uma visita das suas tropas à localidade israelita de Shlomi, na fronteira com o Líbano.


Outras notícias que marcaram o dia:

O conflito no Líbano ameaça "desestabilizar ainda mais" a enfraquecida economia do país, alertou a ONU, prevendo uma queda do PIB de 9,2% em 2024, se a guerra se prolongar até ao final do ano. "A escala do envolvimento militar, o contexto geopolítico, o impacto humanitário e as consequências económicas em 2024 serão provavelmente muito maiores do que em 2006, quando começou a guerra de julho-agosto entre Israel e o Hezbollah", salientou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento na sua primeira avaliação do impacto económico no Líbano.

O exército israelita confirmou que "dezenas de milhares" de pessoas abandonaram a cidade de Jabalia (norte de Gaza), palco de uma nova ofensiva militar numa demonstração de que o "cerco do Hamas está a ser quebrado".

Também esta quarta-feira, Israel pediu aos residentes de bairros de Tiro, no sul do Líbano, para abandonarem as residências, antes de uma operação militar contra o movimento xiita libanês Hezbollah. O exército israelita afirmou, mais tarde, ter atacado "vários centros de comando e controlo" da milícia xiita Hezbollah na zona de Tiro.

Israel acusou seis jornalistas da Al-Jazeera, emissora do Catar, de serem "agentes da ala militar" dos grupos islamitas Hamas e da Jihad Islâmica, afirmando ter encontrado documentos que alegadamente provam as suas ligações às milícias palestinianas. "As forças de segurança descobriram informações dos serviços secretos e numerosos documentos encontrados na Faixa de Gaza que confirmam a filiação militar de seis jornalistas da Al-Jazeera em Gaza com as organizações terroristas Hamas e Jihad Islâmica", declarou o exército num comunicado, citando os nomes dos jornalistas da emissora proibida em Israel desde abril.

O Governo palestiniano responsabilizou o Conselho de Segurança das Nações Unidas pelas consequências da "guerra genocida" de Israel contra a Faixa de Gaza, devido à sua "contínua incapacidade de parar" o conflito. O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano apelou ao órgão para "assumir a sua responsabilidade legal" e "exercer os seus poderes" para proteger o povo palestiniano face ao "genocídio" cometido pelas tropas israelitas.